Contrariamente ao que se passa
com polémicas, muitas vezes inconsequentes, ou com problemas conhecidos, as
boas notícias em educação têm quase sempre uma divulgação discreta. Trata-se,
provavelmente, de uma questão cultural e/ou de uma questão de gestão de
interesses e agendas.
Segundo dados INE agora
divulgados em 2018 a taxa de abandono escolar precoce entre os 18 e os 24, quem
não passa do 3º ciclo do básico e não acede a formação profissional ou outra forma de qualificação, voltou a
baixar, situa-se nos 11.8% tendo em 2017 sido 12.6%.
Se reportarmos a 2006, a taxa era
38.5%, um salto notável. A média na Europa em 2017 foi de 10.6% e como se sabe
está definido pela UE que em 2020 a taxa portuguesa seja de 10%.
Uma primeira nota para registar a
evolução positiva, realçar o trabalho de alunos, professores, escolas e famílias
e estranhar que não se tenha já desencadeado a habitual luta pela paternidade
dos resultados positivos com diferentes figuras e entidades a “chegarem-se à
frente” para aparecerem na fotografia.
A segunda nota para relembrar o
pesado caderno de encargos que ainda continuamos a ter pela frente, continuar a
combater o abandono e a exclusão, quase sempre a primeira etapa da exclusão
social, promover a qualificação, um bem de primeira necessidade e combater as
desigualdades criando efectivos dispositivos de mobilidade social em que a
escola faz a diferença e pode ajudar a contrariar o destino.
Só assim se promove a construção
de projectos de vida viáveis e proporcionadores de realização pessoal e base do
desenvolvimento das comunidades.
Neste caminho temos duas vias que
se complementam e de igual importância, a prevenção do insucesso que leva ao
abandono e a recuperação para trajectos de formação e qualificação da população
que entretanto já abandonou.
Esperemos que algumas mudanças em
curso e, sobretudo, a existência de dispositivos de apoio competentes e
suficientes às dificuldades de alunos e professores, possam contribuir para a
minimização do insucesso.
No que respeita à recuperação dos
jovens que já abandonaram espero que a oferta de trajectos diferenciados de
formação e qualificação ou iniciativas em desenvolvimento como o programa
Qualifica, sucessor do Novas Oportunidades, ou os anunciados no âmbito do
ensino superior tenha os meios necessários e resistam à tentação do trabalho
para a “estatística”, confundindo certificar com qualificar.
Merecemos e precisamos de mais e
melhor sucesso e qualificação e menos abandono e exclusão.
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