Ainda umas notas sobre questões da adolescência.
Apesar da evidente melhoria
devido iniciativas de natureza diversa ainda se regista em Portugal um elevado
número gravidezes entre adolescentes. Dados de 2015 registam 2295 bebés de mães
entre os 11 e os 19 anos sendo que em 2011 se registaram 3663 casos.
Sendo de registar a evidente
melhoria é ainda um cenário a merecer reflexão quando tem estado na agenda a
discussão pública do Referencial da Educação para a Saúde designadamente no que
respeita à Educação para a Sexualidade.
Parece oportuno relembrar que
segundo os especialistas a diminuição do número de partos de adolescentes
decorre da prevenção. Embora nestas matérias, como em todas as que dizem
respeito à vida das pessoas, se deva considerar o universo de valores em
presença, bem diferentes, é fundamental não esquecer as consequências
devastadoras e dramáticas que a maternidade adolescente pode implicar. Recordo
que há algum tempo desencadeou-se alguma discussão pública sobre os conteúdos
que em matéria de prevenção estão contidos no Referencial em que ficou
claramente expressa a grande disparidade e diferenças de pontos de vista sobre
a questão.
É reconhecido que a
gravidez na adolescência, para além de razões acidentais surge para muitas adolescentes e jovens como "um projecto de vida
na ausência de outros" e num quadro de insucesso educativo.
Sabemos, a experiência mostra,
que uma adolescente pode revelar-se uma excelente mãe, tanto quanto uma mulher
madura pode ser uma péssima mãe. Não podemos, nem devemos, promover avaliações
prévias de competências maternais, a ética e a moral impedi-lo-iam, mas podemos
combater discursos hipócritas sobre a educação em matéria de sexualidade e
comportamentos de risco.
Estes discursos alimentam a
manutenção de situações que promovem em adolescentes, muitas vezes sem projecto
de vida, um caminho e uma experiência para a qual não estão preparadas nem
desejam, e com o risco sério de implicar sofrimento para todas as pessoas
envolvidas, a começar, obviamente por uma criança, que sem ser ouvida, pode entrar a
sofrer neste mundo.
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