As anunciadas mexidas no currículo,
seja sob a forma de “emagrecimento”, “flexibilização” ou outra qualquer figura do
jargão habitual nestas matérias, têm desencadeado alguma controvérsia em torno
das cargas horárias curriculares das diferentes disciplinas.
Entrou em discussão um eventual aumento das horas atribuídas a algumas disciplinas, como também correu, corre, que essas
mudanças implicariam a redução das horas alocadas a Português e/ou Matemática
uma vez que, felizmente, não está em discussão o acréscimo da carga horária
global.
O Governo vem agora a terreiro
esclarecer que tal não vai acontecer nem esteve em cima da mesa.
Como várias vezes tenho dito, entendo que são necessárias mudanças em matéria de currículo como também
entendo que essas mudanças devem ser objecto de discussão participada e
definido um calendário e metodologia adequados para a mudança.
No entanto, creio que apesar da carga
horária por disciplina ser importante, é apenas uma das variáveis e, do meu ponto
de vista, nem sequer a mais relevante. Aliás, a sua relevância depende fundamentalmente do grau
de “quintalização” do currículo, ou seja, quanto mais quintais curriculares, (disciplinas)
mais se discute o número de horas para cada. Como também sabemos, os “ocupantes”
de cada “quintal” tendem a defender que as flores que produzem são as mais
importantes do ramo. É este o cenário que temos e daí as recorrentes discussões
sobre a carga horária para cada disciplina que, insisto, sendo importante, não
deve sobrepor-se ao essencial.
Na minha perspectiva o essencial em matéria de currículo remete para a definição dos conteúdos em função dos objectivos e de uma visão para a educação e escola, remete para a
organização desses conteúdos, que disciplinas ou áreas, quantos
ciclos, etc.
É também essencial pensar num
currículo em que caiba a diversidade dos alunos, num modelo de avaliação que
meça resultados mas que também regule processos.
Era este o caminho que gostava de
ver seguido na discussão sobre o currículo.
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