Parece-me claro que qualquer
iniciativa de natureza política e legislativa que promova os direitos, o
bem-estar e a qualidade de vida das pessoas com deficiência nas suas diferentes
dimensões merece registo.
Assim, aqui se regista, o anúncio
por parte do CDS-PP de um conjunto de propostas e recomendações nesta matéria.
A Dra. Assunção Cristas deu a devida divulgação a esta iniciativa.
No entanto e como sempre, acho
interessantes estes comportamentos próprios do que eu chamo de Síndrome
Pós-ministerial.
Não acompanho suficientemente de
perto a situação noutros países para ter uma perspectiva comparativa, mas
existe uma espécie de síndrome em Portugal que afecta a classe política com
experiência de poder. Esta síndrome, a que poderemos chamar
"pós-ministerial" ou, dito de outra maneira, “sei muito bem o que
deveria ser feito, mas quando fui ministro esqueci-me”, é patente em
muitíssimos ex-governantes oriundos dos partidos que já assumiram
responsabilidades de governo em diferentes áreas. Temos agora mais um exemplo
vindo da Dra. Assunção Cristas que foi ministra do anterior Governo.
O que me parece curioso nestas
circunstâncias é a apresentação de uma visão clara sobre os males e
constrangimentos de diferentes áreas sectoriais, incluindo aquela em que desempenharam
funções políticas, bem como propostas de desenvolvimento e correcção visando a
desejável qualidade e o progresso.
Na área que melhor conheço, a
educação, os exemplos são múltiplos e elucidativos.
A pergunta, certamente estúpida e
demasiado óbvia, que me ocorre face a este tipo de discursos é “então porque
não fez, porque não defendeu assertivamente as ideias agora expressas, muitas a
merecer concordância, quando teve poder para tal?” Podemos, com alguma
habilidade, tentar encontrar respostas. Acabaremos, creio por definir,
inevitavelmente, duas hipóteses básicas, não puderam ou não souberam, qual delas
a mais animadora.
Na primeira, não puderam, implica
questionar qual o poder que efectivamente o ministro detém relativamente às
políticas do sector que tutela ou do governo que integra, ou seja, qual o
verdadeiro nível de responsabilidade de quem assume o poder e as dificuldades
para ultrapassar e gerir as corporações de interesses ameaçadas pelas mudanças.
Na segunda, não souberam, sugere que a competência não abundará o que não me
parece menos inquietante.
Em todo o caso, algum pudor e a
humildade de nos explicarem porque não executaram as políticas que
posteriormente defendem, seriam esclarecedoras e um bom serviço prestado à
causa pública.
A questão é que muitos destes
discursos que se apresentam agora como parte da solução, na verdade escondem
políticas que, são, foram, parte do problema.
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