A Educação, por diferentes razões,
umas mais positivas que outras, é uma matéria que está sempre na agenda e
felizmente que assim é.
Sendo verdade que é de todos os
tempos a insatisfação global com a “educação”, seja lá isso o que for, que cada
tempo tem, também o nosso tempo está permanentemente insatisfeito com a “educação”
que tem. De uma forma propositadamente simples, por “educação” tendemos a
entender a escola e os resultados da sua acção e os comportamentos observados
em crianças, jovens e, finalmente, em adultos nos diferentes contextos de vida.
Os discursos sobre a insatisfação
face à educação (escola) escola variam, assim, entre a preocupação com os
resultados escolares e a sua importância para a construção de processos e de
formação e qualificação que o nível de desenvolvimento das comunidades actuais
exigem e que sustentem projectos de vida e de realização pessoal e entre os
comportamentos que observamos e nos inquietam assumidos por crianças e jovens
em contexto escolar, familiar ou de outra natureza.
Acresce ainda que a
acessibilidade à informação através da imprensa, da net ou das redes sociais
tornam tudo mais conhecido, próximo e com maior escrutínio. É positivo que
assim seja apesar do risco, muitas vezes presente, de se criarem equívocos, enviesamentos,
sobreexposição, etc. que podem mesmo tornar-se parte do problema.
Neste cenário de permanente insatisfação
e da necessidade de que as “coisas” estivessem melhores temos um contexto de, quase,
“cada cabeça sua sentença” traduzido em matéria de gestão da coisa pública em educação
por, “cada ministro, sua política”.
Como parece claro, o potencial de
mudança, deste “caos” é baixo mas … a mudança é precisa.
Como muitas vezes aqui tenho
escrito, partilho muitas das inquietações sobre o universo da educação mas, é
preciso reafirmar, não tenho uma visão catastrófica, as escolas não são um
inferno, prefiro as escolas de hoje que as escolas do meu tempo e apesar das
dificuldades e constrangimentos, escolas (professores) e pais vão cumprindo seu
papel.
No entanto, acho sempre
interessante que partindo do reconhecimento de dificuldades e insuficientes
tenhamos basicamente discursos em torno do “estão sempre a mudar”, do “está
cada vez pior” ou “é preciso mudar”.
Não fica, pois, fácil mas é
preciso que nos consigamos reflectir e entender sobre alguns aspectos
essenciais.
Que andamos a fazer?! Dedicámos o
século XX à criança e será que não soubemos prepará-la para o século XXI? Será
que idealizámos uma criança que afinal não existe? Então que criança e jovem
temos hoje e que queremos ajudar a construir? Com que família e com que escola?
Será que acreditámos, como
Durkheim, que a “educação é uma socialização da jovem geração pela geração
adulta” e será este o resultado da nossa acção educativa?
Como disse, não me revejo em
discursos ou visões pessimistas mas há que estar atento aos sinais que a
realidade mostra e reflectir sobre os caminhos a seguir.
Creio que a questão deve ser
enunciada neste quadro pois, ao abrigo de algo a que chamamos desenvolvimento,
também produzimos e reproduzimos modelos e contextos agressivos em termos
físicos, culturais, económicos, políticos, éticos e morais, etc. a que deve
adicionar-se um velho paradigma da psicologia que estabelece “o comportamento
gera comportamento”.
Os resultados são os que conhecemos
e nos inquietam.
Por tudo isto reafirmo que a
educação não é um problema exclusivo de pais e professores (escola) mas o
desafio mais sério que as nossas sociedades enfrentam.
Havia um tempo em que se podia
dizer ainda “temos que parar para pensar” mas o problema hoje é que não podemos
parar para pensar, temos de pensar sem parar. Sabemos que existem visões,
valores, corporações de interesses que não podemos negar e admitir mas talvez a
velha fórmula o “superior interesse da criança” nos ajudasse a pensar a sério,
sem demagogia ou retórica. Será ingenuidade?
A urgência não nos dá o tempo mas
exige o esforço. Pensar é preciso.
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