Segundo dados da Direcção-geral
de Educação, referidos num trabalho do DN, em 2015/2016 no 1º ciclo, 42.7% das
escolas integradas em Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP)
conseguiram taxas de retenção e desistência abaixo da média nacional, no 2º
ciclo verificou-se 40.5%, no 3º ciclo, 38.7% e no secundário secundário fora
das áreas de científico-humanísticas, 38% e nos cursos de científico-humanísticas
de 32,7%.
São resultados positivos apesar
do decréscimo ao longo dos anos de escolaridade o que também não é estranho. No
entanto, verifica-se uma assimetria que merece atenção nos resultados por
regiões. As escolas em TEPS no Norte e Centro apresentam resultados
significativamente melhores que o resto do país enquanto nas regiões de Lisboa
e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve continuam bastante distantes quer das médias
nacionais quer das restantes escolas TEIP.
Estes resultados, em termos
globais, são interessantes. Apesar de muitas vezes dizer que todo o território educativo
é um conjunto de TEIPs, ou seja, uns são Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, outros são Territórios Educativos com a Intervenção Possível, a
escola pode fazer a diferença, contrariar o destino e permitir mobilidade
social. Para isso, como dizia há algum tempo numa colaboração com o Expresso, sobretudo
as que servem populações mais vulneráveis, não podem responder com os mesmos recursos e da
mesma forma que as restantes. Têm de ter autonomia e recursos de diferente natureza.
Numa altura em que tantas vezes
se questiona e responsabiliza a escola é bom saber, nós sabemos, que, apesar de
tudo, a escola … ensina e educa.
Muitas vezes penso que nos falta
um pouco a “cultura" de valorizar e divulgar o que corre bem. Embora se
compreendam algumas razões estamos quase sempre mais direccionados para os
muitos problemas e dificuldades sempre presentes no complexo universo da
educação e neste sentido importa, de facto, perceber porque noutras regiões
escolas que, em princípio recebem populações com características semelhantes,
os resultados são bem diferentes. A escola pode fazer a diferença em diferentes sentidos.
Nesta perspectiva, apesar do peso das
variáveis relativas aos alunos e contexto social, económico e cultural, o
trabalho na e da escola e dos professores é um factor significativamente
explicativo do sucesso dos alunos mais vulneráveis e capaz de contrariar ou minimizar o peso
dessas variáveis.
Este trabalho da e na escola envolve
dimensões como organização e funcionamento, clima, níveis de colaboração e
cooperação, estilo e competência das lideranças, por exemplo e,
definitivamente, o trabalho em sala de aula em que surge a diferença produzida
pelo professor, pelos professores.
Quando abordo estas questões cito
com frequência uma afirmação de 2000 do Council for Exceptional Children,
"O factor individual mais
contributivo para a qualidade da educação é a existência de um professor
qualificado e empenhado".
No entanto a existência de
professores qualificados e empenhados não depende só de variáveis individuais
de cada docente, decorre também de um conjunto de políticas educativas que
promovam a qualificação, a motivação e a valorização a diferentes níveis do
trabalho dos professores.
E nesta matéria também temos
muito trabalho para realizar.
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