Sim, eu sei que não se devem
comparar realidades diferentes. Por isso não é para comparar.
Sim, eu sei que nem sempre os
discursos dão um retrato fiel da realidade.
Sim, eu sei que afirmações
retiradas do contexto podem sofrer enviesamentos de leitura e interpretação.
Sabendo tudo isto e não para
comparar, insisto, mas para reflectir, ficam alguns excertos da entrevista ao Expresso
de Jari Lavonen, director do Departamento de Formação de Professores da
Universidade de Helsínquia.
Sobre o abaixamento dos
resultados dos alunos finlandeses nos estudos internacionais, (PISA).
Devido ao menor financiamento, “As turmas aumentaram de tamanho, o número de
professores afectos à educação especial e de assistentes de aulas foi reduzido.
(…) Claro com turmas maiores e sem apoio disponíveis para estudantes com
dificuldades, estes vão aprender menos”
Sobre o currículo.
“Há muito tempo que temos um currículo nacional que é revisto a cada 10
anos num trabalho muito participado e colaborativo. O Conselho Nacional de
Educação convida professores, investigadores, vários parceiros que têm um papel
no sistema para debaterem e darem feedback sobre a discussão. Assim, construir
uma visão comum e grandes objectivos. Os professores são chamados a participar
na definição dos currículos a nível local.”
Sobre os professores.
“É mais difícil entrar nesta formação que em Medicina ou Direito.
Seleccionamos 5% dos candidatos.”
Ainda sobre os professores.
“Sentem que o seu trabalho é apreciado. Além disso, não têm muita
pressão das famílias, não há inspecções escolares, nem um sistema pesado de
exames nacionais. É-lhes dada autonomia para planear, pôr em prática e avaliar
todo o ensino.”
Sobre a monitorização da
qualidade.
“É um processo baseado na auto-avaliação, seguido de uma discussão com o
director da escola sobre o desenvolvimento profissional, o feedback transmitido
pelos alunos e resultados escolares.
Nos últimos anos também iniciámos um processo de formação de
professores mentores que dão apoio aos que chegam a o sistema.”
Sobre a mudança em educação.
“É muito comum na Finlândia reunir os protagonistas para chegar a um
consenso. E de cada vez que é definida uma nova estratégia o Governo aloca
recursos para a implementar”.
Como disse, não acho que seja de comparar, não
tem sentido e não é adequado. No entanto, julgo mesmo que é interessante
reflectir sobre toda a entrevista.
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