Hoje, 23 de Fevereiro,
completam-se 30 anos após a morte de José Afonso. Caberia o lugar-comum de os
Grandes não morrem, mas o Zeca não iria gostar, não se dava bem com estatutos e
muito menos de Grande. Mas na verdade, o Zeca foi e continua Grande e os
Grandes fazem sempre falta.
É certo que ficámos com a música,
mais um lugar-comum, quando se ouve é sempre a primeira vez. Mas ficámos
sobretudo com a vida e com o exemplo, Grande, naturalmente.
Um homem de uma probidade e
generosidade espantosas e com um voluntarismo generoso que contagiava.
Diziam-no ingénuo, talvez fosse a ingenuidade de que só as crianças e os puros são capazes e carregam.
O Zeca, gosto de recordar, foi
professor enquanto o deixaram. É que embora alguns não saibam, tenham esquecido
ou queiram esquecer, já tivemos, mesmo, censura e prisão por delito de opinião.
O Zeca haveria de gostar de
algumas coisas que por aí andam, há sempre gente solidária e generosa, mas
espantar-se-ia com os vampiros que pairam nestes tempos.
E mesmo nesta turbulência manhosa
em que este mundo se transformou, o Zeca continuaria a dizer "traz outro
amigo também".
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