Eu sei que este tempo é um tempo
para a diversão. Tenho estado a seguir um jornal televisivo e estranhamente
entre nós, parece ter-se gerado um consenso, é muito divertido, tudo é muito
divertido e estamos muito divertidos.
Ainda bem que assim é.
No entanto, sem querer bulir com
a vossa diversão e se tiverem um tempinho no meio de tanta alegria e festa,
convido a que passem os olhos por mais uma entrevista do professor Cesar Bona,
agora na Visão.
Cesar Bona afirma coisas muito
estranhas e bizarras. Espero que ninguém leve a mal, estamos no Carnaval.
Imaginem que afirma "O importante é promover a cooperação, educar
por empatia”. De há muito que afirmo que tanto ou mais do que ensinarmos
o que sabemos, ensinamos o que somos mas isto também é esquisito.
Diz, por exemplo, que “Eles (as crianças) têm imensas coisas que podem partilhar connosco e não valorizamos. A
nível social, isso também acontece. Faz falta perguntar às crianças como
mudavam um parque, que alterações gostariam de ver no bairro onde vivem, o que
gostariam que acontecesse para melhorar a vida dos outros. Quando uma pessoa
arrisca fazê-lo, os resultados são sempre surpreendentes.”
Talvez seja por isto que elas
gritam tanto para se fazer ouvir.
Não contente ainda diz, “Porque uma das maravilhas da escola é que
ela pode mudar a sociedade. Se acreditamos que é a chave para mudar o mundo,
então temos de educar para a cooperação. A escola é o lugar ideal para promover
o que queremos para o mundo em que vivemos.”.
Talvez seja por isto que investir
na escola, na educação, na sua qualidade para todos é tratar de construir o futuro,
para todos.
Mas a suprema provocação é “Quem defende que as crianças têm de
trabalhar mais, depois de um dia inteiro na escola, esqueceu-se do que é ser
criança e como, quando era mais pequeno, gostava de aprender mas também de
estar com a família e de brincar. Eu gostava de ir ao parque e ao rio. Hoje, há
milhares de crianças a fazer deveres horas a fio, depois da escola, até à hora
do jantar. E não têm culpa que os currículos escolares sejam tão compridos.
Todos os dias, segunda, terça, quarta, quinta, sexta. Quem é que, depois disto,
tem vontade voltar de ir para a escola no dia seguinte e aprender? Os TPC são
uma prática ultrapassada.”
De facto só mesmo no Carnaval.
Onde é que já se viu discurso
mais eduquês, romântico e desadequado aos tempos em que vivemos, os tempos da
medida, dos resultados, da pressão para o sucesso.
Leitura mais do que recomendada.
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