sábado, 25 de fevereiro de 2017

DA DISLEXIA NO 1º E 2º ANO DE ESCOLARIDADE

No Público está um trabalho interessante sobre o número de crianças que logo no 1º e 2º ano são consideradas disléxicas ou apresentando “incapacidade intelectual” e se candidatam a condições especiais na realização de provas ou exames.
A jornalista, Clara Viana, solicitou-me um breve comentário a esta situação.
O que tive oportunidade de afirmar, não conheço estudos que sustentem o aumento da incidência, vai no mesmo sentido do que tenho referido a propósito de outras matérias como o défice de atenção ou hiperactividade.
Mais do que o aumento da incidência dos problemas temo que estejamos em presença do aumento de diagnósticos, o sobrediagnóstico, que também se admite no caso da hiperactividade e défice de atenção.
No caso particular da dislexia, a avaliação de crianças de 6 ou 7 anos que estão na fase inicial da aprendizagem da leitura e da escrita na qual se podem verificar naturais e diferentes dificuldades torna particularmente difícil o estabelecimento de diagnósticos definitivos que se colam às crianças e das quais dificilmente se libertam.
Disse à jornalista que algumas destas perturbações na aprendizagem também podem revelar dificuldades na “ensinagem” como também algumas alegadas perturbações do desenvolvimento podem esconder perturbações no envolvimento.
Também esta situação demonstra a necessidade de que as comunidades educativas disponham de recursos ou acesso a recursos; nem tudo pode ou deve estar na escola, que nos dêem segurança quanto à avaliação dos problemas das crianças, pais e professores e, naturalmente, que essas dificuldades competentemente avaliadas tenham a também adequada e competente resposta de que as “condições especiais” na realização de provas ou exames são apenas um aspecto.

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