No Público está um trabalho
interessante sobre o número de crianças que logo no 1º e 2º ano são
consideradas disléxicas ou apresentando “incapacidade intelectual” e se
candidatam a condições especiais na realização de provas ou exames.
A jornalista, Clara Viana,
solicitou-me um breve comentário a esta situação.
O que tive oportunidade de afirmar,
não conheço estudos que sustentem o aumento da incidência, vai no mesmo sentido
do que tenho referido a propósito de outras matérias como o défice de atenção ou
hiperactividade.
Mais do que o aumento da
incidência dos problemas temo que estejamos em presença do aumento de
diagnósticos, o sobrediagnóstico, que também se admite no caso da hiperactividade e défice de atenção.
No caso particular da dislexia, a
avaliação de crianças de 6 ou 7 anos que estão na fase inicial da aprendizagem
da leitura e da escrita na qual se podem verificar naturais e diferentes dificuldades
torna particularmente difícil o estabelecimento de diagnósticos definitivos que
se colam às crianças e das quais dificilmente se libertam.
Disse à jornalista que algumas destas
perturbações na aprendizagem também podem revelar dificuldades na “ensinagem”
como também algumas alegadas perturbações do desenvolvimento podem esconder
perturbações no envolvimento.
Também esta situação demonstra a
necessidade de que as comunidades educativas disponham de recursos ou acesso a
recursos; nem tudo pode ou deve estar na escola, que nos dêem segurança quanto
à avaliação dos problemas das crianças, pais e professores e, naturalmente, que
essas dificuldades competentemente avaliadas tenham a também adequada e
competente resposta de que as “condições especiais” na realização de provas ou
exames são apenas um aspecto.
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