Ainda a propósito do “Perfil dos Alunos para o Séc. XXI””, documento que se encontra em discussão pública,
algumas notas e pequenas dúvidas.
Entrei para o universo da
educação há 57 anos, estávamos ainda no Séc. XX. Há 40 anos, ainda no Séc. XX assumi
com a maior motivação uma carreira no mundo da educação que tem passado por
instâncias diferenciadas e se mantém até hoje, já Séc. XXI.
Este caminho longo permite-me
dizer que quando lá para o Séc. XX se começou a falar de que os alunos deveriam
saber utilizar diferentes textos e linguagens pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que os alunos deveriam saber aceder a informação e saber
comunicar pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que os alunos deveriam aprender a relacionar-se, a interagir
e a cooperar pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que os alunos deveriam aprender a raciocinar e a resolver
problemas pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que os alunos deveriam desenvolver pensamento crítico e
pensamento criativo pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que os alunos deveriam ser autónomos e com formação pessoal
adequada pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que os alunos deveriam aprender a promover o seu bem-estar e
saúde pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que os alunos deveriam desenvolver sensibilidade estética e
artística pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que os alunos deveriam aceder ao saber técnico e domínio de
tecnologias pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que os alunos deveriam ter consciência e domínio do corpo
pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que a escola deveria ser mais do que a simples transmissão de conhecimentos pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que de se deveriam desenvolver projectos interdisciplinares
promovendo a articulação e integração de conteúdos de diferentes disciplinas
pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que se deveria promover a educação para a cidadania e a
formação cívica pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que os testes não deveriam constituir a única forma de
avaliação pareceu-me bem.
Quando lá para o Séc. XX se
começou a falar de que deveriam ser valorizadas as diferentes disciplinas e
equilibradas as suas cargas horárias pareceu-me bem.
Bom, o caminho tem sido o que conhecemos
e chegados ao Séc. XXI cá estamos com uma nova formulação destas intenções. Mais
uma vez … parece-me bem.
Tenho algumas pequenas dúvidas de
que deixo alguns exemplos.
Tudo isto será desenvolvido com
que calendário e metodologia de mudança?
Tudo isto será desenvolvido com
que estabilidade e perspectiva de consistência no tempo?
Tudo isto será desenvolvido com
que organização curricular, conteúdos e cargas horárias, por disciplina e
globais?
Tudo isto será desenvolvido com que
quadro de autonomia?
Tudo isto será desenvolvido com que
dimensão das turmas e das escolas? Eu sei que nem todas são excessivamente
grandes mas algumas são.
Tudo isto será desenvolvido com que
ajustamento em práticas, capacidade e recursos de promover diferenciação para
acomodar a diversidade dos alunos e promover um menor peso dos manuais no
trabalho de alunos e professores?
Tudo isto será desenvolvido com
que modelos e dispositivos de avaliação de alunos, professores e escolas?
Deixem lá ver, como diz o Velho Marrafa lá no Alentejo.
Deixem lá ver, como diz o Velho Marrafa lá no Alentejo.
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