Segundo um estudo da
responsabilidade do ISCTE, mais de 90% dos pais com ensino superior ajudam
habitualmente os filhos nas actividades escolares enquanto em pais que apenas
realizaram o 1º ciclo a percentagem é de 21%.
No grupo de pais menos
escolarizados 36% afirma que “que não ajudam os filhos porque não o conseguiram
fazer”.
A associação entre os resultados
escolares dos alunos e variáveis de natureza sociodemográfica como meio social,
económico e cultural, circunstâncias de vida, estilos parentais, etc. etc.,
está estabelecida de há muito.
No entanto, também sabemos que a
escola faz, pode fazer a diferença, ou seja, o trabalho na e da escola e dos
professores é um factor significativamente explicativo do sucesso dos alunos
mais vulneráveis e capaz de contrariar o peso das outras variáveis que estão
presentes nesses alunos. Do trabalho agora divulgado e na linha do que já tem
sido estudado e objecto de recomendações e estudos por parte da OCDE releva que
a utilização excessiva dos trabalhos de casa clássicos como suporte da aprendizagem
alimenta e promove assimetrias dadas as dificuldades criadas a muitas famílias
que não conseguem ajudar os filhos e não têm maios para comprar a ajuda, a “explicação”.
Num quadro de verdadeira
autonomia o trabalho realizado nas escolas envolvendo dimensões como a organização
e funcionamento, o clima ou liderança são variáveis contributivas paa que a
escola possa fazer a diferença.
Por lado, no trabalho em sala de
aula é ainda mais relevante a diferença produzida pelo professor, pelos
professores.
Quando abordo estas questões cito
com frequência uma afirmação de 2000 do Council for Exceptional Children,
"O factor individual mais contributivo para a qualidade da educação é a
existência de um professor qualificado e empenhado".
No entanto a existência de
professores qualificados e empenhados não depende só de variáveis individuais
de cada docente, decorre também de um conjunto de políticas educativas que
promovam a qualificação, a motivação e a valorização a diferentes níveis do
trabalho dos professores.
A diferença que a escola pode fazer também começa nas políticas educativas de forma global e envolvendo dimensões como currículos, sistema de
organização, recursos humanos docentes, técnico e funcionários, tipologia e
efectivo de escolas e turmas, autonomia das escolas apenas para dar alguns exemplos de como a diferença tem que ser construída também antes de chegar à sala de
aula.
E nesta matéria também temos
muito trabalho para realizar.
Temo no entanto que estudos desta
natureza continuem a mostrar o que já sabemos e continuemos impotentes para
contrariar o destino de muita gente que bate à porta da escola e que se traduz
na velha afirmação, “tal pai, tal filho”.
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