O Ministro da Educação anunciou a universalização da educação pré-escolar até aos três anos em 2020. Muitas vezes as boas notícias chegam tarde e as más notícias demasiado cedo, em política também é assim mas, no que respeita às boas notícias, ... vale mais tarde que nunca.
Como sabemos, em Portugal a
universalidade em educação é entendida como algo indicativo e não imperativo
pelo que certamente muitas famílias continuarão a experimentar sérias
dificuldades na acessibilidade económica e física aos equipamentos de educação
pré-escolar. No entanto, a decisão, do meu ponto de vista, é positiva, só peca
por tardia como disse.
Como muitas vezes aqui tenho
referido, a falta de respostas e recursos a preços acessíveis para o
acolhimento a crianças dos 0 aos 3, creches ou amas, e dos 3 aos 6 anos, a
educação pré-escolar, é um dos grandes obstáculos a projectos familiares que
incluam filhos, levando aos conhecidos e reconhecidos baixos níveis de
natalidade entre nós, 30 % das mulheres portuguesas têm apenas um filho.
A alteração dos estilos de vida,
a mobilidade e a litoralização do país, levam à dispersão da família alargada
de modo a que os jovens casais dependem quase exclusivamente de respostas
institucionais que, ou não existem, ou são demasiado caras. Portugal tem um dos
mais elevados custos de equipamentos e serviços para crianças o que é,
naturalmente, um forte constrangimento para projectos de vida que envolvam
filhos.
É importante referir que alguns
estudos revelam que as mulheres portuguesas são, de entre as europeias, as que
mais valorizam a carreira profissional e a família, a maternidade e também é
sabido que as mulheres portuguesas são das que mais tempo trabalham fora de
casa o que dificulta a conciliação que desejam entre profissão e parentalidade.
É sabido que muitas famílias
estão a sentir enormes dificuldades em assegurar a permanência dos miúdos nas
creches por razões económicas. As Instituições procuram, apesar das
dificuldades que elas próprias enfrentam, flexibilizar, até ao limite possível,
custos e pagamento tentando evitar a todo o custo que os miúdos deixem de
frequentar os estabelecimentos. Aumentaram significativamente a retirada de
crianças de estabelecimentos de educação pré-escolar com o acentuar da crise
com picos verificados em 2011, 2012 e 2013. Acresce a quebra da natalidade que
a situação induz.
Sabemos todos como o
desenvolvimento e crescimento equilibrado e positivo dos miúdos é fortemente
influenciado pela qualidade das experiências educativas nos primeiros anos de
vida, de pequenino é que ...
Assim, existem áreas na vida das
pessoas que exigem uma resposta e uma atenção que sendo insuficiente ou não
existindo, se tornam uma ameaça muito séria ao futuro, a educação de qualidade para os mais
pequenos é uma delas.
Em resultado desta situação,
muitas famílias carenciadas estão a sentir uma enorme dificuldade em manter as
crianças a frequentar os estabelecimentos de educação pré-escolar e os serviços
e equipamentos privados são muito caros, um dos mais elevados da europa.
Sabemos todos como o
desenvolvimento e crescimento equilibrado e positivo dos miúdos é fortemente
influenciado pela qualidade das experiências educativas nos primeiros anos de
vida, de pequenino é que ...
É pois importante garantir o
acesso à educação pré-escolar aos três anos e criadas respostas acessíveis,
física e economicamente, às famílias dos 0 aos três anos.
No entanto, como há dias escrevi
no Público, a educação pré-escolar é bastante mais que a “preparação” para a escola e não deve enredar-se no entendimento de que é uma etapa na qual os
meninos se preparam para entrar na escola embora se saiba do impacto postivo que assume no seu trajecto escolar.
Na verdade, as crianças estão a
preparar-se para entrar na vida, para crescer, para ser. A educação pré-escolar
num tempo em que as crianças estão menos tempo com as famílias tem um papel
fundamental no seu desenvolvimento global, em todas as áreas do seu
funcionamento e na aquisição de competências e promoção de capacidades que têm
um valor por si só não entendidos como uma etapa preparatória para uma parte da
vida futura dos miúdos, a vida escolar.
Este período, cumprido com
qualidade e acessível a todas as crianças, será, de facto, o melhor começo da
formação institucional de cidadãos. Esta formação é global e essencial para
tudo que virão a ser e a fazer no resto da sua vida.
Existem áreas na vida das pessoas
que exigem uma resposta e uma atenção que sendo insuficiente ou não existindo,
se tornam uma ameaça muito séria ao futuro, a educação dos mais pequenos é uma
delas. Os riscos que correm estes miúdos obrigados a abandonar a educação
pré-escolar por questões económicas ou que a ela não tenham acesso pela sua
inexistência são elevados e, obviamente, contribuem para perpetuar assimetrias
sociais e a falta de mobilidade social de que a educação é a principal
ferramenta.
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