Ao passar os olhos por uma papelada
em cima da secretária recordei uma história que creio já aqui creio ter
contado, Uma vez, algures no centro do país, num encontro com professores e a
propósito de referências a referência à linguagem usada pelos alunos, eu
perguntava se qualquer de nós em algum contexto não dizia um palavrão.
Um dos professores presentes
olhou para mim com um ar tão perplexo quanto incomodado e assertivamente
afirmou "Eu não, nunca".
Confesso que fiquei muito
embaraçado, eu digo algumas vezes palavrões, quando posso, e quando não posso
... penso cada um. Desculpem.
Serve esta história para ilustrar
a necessidade de que os processos educativos se centrem num princípio
estruturante, a autonomia, ideia que sistematicamente defendo e creio que nem
sempre é tida em conta. Os miúdos devem ser solicitados a tomar conta de si
dentro dos limites e regras que nos compete estabelecer com clareza e
consistência e das quais eles têm uma imprescindível necessidade para crescer
saudáveis.
Não se trata de uma educação para
a santidade onde tudo é perfeito e a transgressão proibida e culpabilizante,
mas de uma educação para valores em que os miúdos percebem as regras e os
limites e são capazes de mobilizar os comportamentos adequados aos contextos em
que se movem. Não nos comportamos num estádio de futebol como nos comportamos
ao assistir a uma aula, não nos comportamos num concerto de verão como no
cinema, etc., etc.
A questão é que os miúdos, muitos
miúdos, parecem crescer em ambientes desregulados, com ausência de limites e regras que
os deixa perdidos e sem referências, entrando frequentemente numa roda livre em
que tudo parece normal e permitido em qualquer contexto.
O problema é que com muitos de
nós, adultos, passa-se, basicamente, o mesmo.
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