A imprensa referia ontem a aposta
forte do ME no recurso aos jogos digitais como ferramenta de aprendizagem.
Estão em desenvolvimento ou em projecto diversas iniciativas neste âmbito.
Algumas notas relativas a este
universo, novas tecnologias, sala de aula, ensino e aprendizagem.
No Volume V do Relatório PISA 2012, era evidenciada uma relação entre o desempenho na resolução de problemas
e a presença do computador na sala de aula, sugerindo os dados que a relação é
negativa, ou seja, o uso do PC não faz aumentar a capacidade de resolução de
problemas.
Esta "constatação", do
meu ponto de vista e considerando o que o Relatório refere (pg. 73 e seguintes), dever ser considerada com
precaução pois não sabemos como é "usado" o PC na sala de aula, ou
seja, dizer que se usa é curto para saber em que termos, em que actividades,
com que intensidade, com que objectivos, etc. Só com dados desta natureza seria
possível estabelecer uma relação sólida entre o uso do PC e das suas
potencialidades na sala de aula e os resultados na resolução de problemas.
No entanto, estas informações
relança a questão sempre aberta do uso das novas tecnologias na sala de aula
que se instalaram sobretudo com o incontornável Programa Magalhães e o
e-escola.
Desde o seu início, tive
oportunidade de o referir no Atenta Inquietude, estes programas foram objecto
de muita discussão que, do meu ponto de vista, se tem centrado nas mais das
vezes no acessório e não na questão essencial, faz sentido, ou não, e com que
função o computador e dispositivos desta natureza na sala de aula,
designadamente quando se considera os alunos em início de escolaridade. Nesta
perspectiva:
1 – O contacto precoce com as
novas tecnologias é, por princípio, uma experiência positiva para os miúdos,
para todos os miúdos, se considerarmos o mundo em que vivemos e no qual eles se
estão a preparar para viver. Nós adultos estamos a pagar um preço elevado pela
iliteracia, os nossos miúdos não devem correr o risco da iliteracia
informática. Para muitos miúdos foi a única forma de acederem a estes
dispositivos, conheço várias situações
2 – O Programa Magalhães e o
e-escola foram, do ponto de vista expresso acima, iniciativas interessantes.
Teve erros, teve propaganda política, teve marketing a mais, sim teve isso tudo
como é habitual mas, creio, o princípio é positivo.
3 – O computador na sala de aula
é mais uma ferramenta, não é A ferramenta, não substitui a escrita manual, não
substitui a aprendizagem do cálculo, não substitui coisa nenhuma, é “apenas”
mais um meio ao dispor de alunos e professores para ensinar e aprender e
agilizar o acesso a informação. Em termos provocatórios, por vezes afirmo que o
computador é apenas um lápis mais sofisticado.
4 – É preciso evitar o
deslumbramento provinciano do novo-riquismo com as novas tecnologias, reafirmo,
são apenas ferramentas que a evolução nos disponibiliza e não algo que nos
domina e é visto como uma panaceia.
5 – O que dá qualidade e eficácia
aos materiais e instrumentos que se utilizam na sala de aula não é a tanto a
sua natureza mas, sobretudo, a sua utilização. Posso ter um computador para
fazer todos os dias a mesma tarefa, da mesma maneira, sobre o mesmo tema, etc.
Rapidamente se atinge a desmotivação e ineficácia, é a utilização adequada que
potencia o efeito as capacidades dos materiais e dispositivos.
6 – Para além de garantir o
acesso dos miúdos aos materiais é fundamental disponibilizar a formação e apoio
ajustados aos professores sem os quais se compromete a qualidade do trabalho a
desenvolver bem como, evidentemente, assegurar as condições exigidas para que o
material possa ser rentabilizado.
7 – Finalmente, como em todas as
áreas, é imprescindível avaliar o trabalho realizado, única forma de garantir a
sua qualidade.
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