Segundo o Público a Associação
Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo do Douro entendeu
por bem apresentar queixa pela utilização em duas novelas de referências ao
autismo de forma depreciativa. No entanto, a Entidade Reguladora da Comunicação
Social entende que o uso da palavra “autista” não é ofensivo.
Recordo que no final do ano passado
a associação BIPP (Banco de Informação de Pais para Pais) – Inclusão para a
Deficiência desencadeou uma campanha de sensibilização que visava inibir o uso de
expressões como “deficiente mental” ou “atrasado mental” como insulto ou para
censurar determinados comportamentos humanos. A campanha intitulava-se “Ser
deficiente não é um insulto” e tinha como objectivo que o recurso a esta
terminologia alimenta ou promove comportamentos de exclusão social dos cidadãos
com deficiência.
Na verdade, para além das
expressões citadas remetendo para o universo da deficiência, são também usados
com demasiada regularidade termos próprios da área da saúde mental,
esquizofrenia ou autismo, por exemplo, para adjectivar comportamentos e
discursos em particular na vida política.
Dito de outra maneira, a condição
de deficiência ou de doença mental é utilizada como insulto sendo que este
comportamento é recorrente mesmo em pessoas com responsabilidade de natureza
pública e social de relevo o que agrava o seu já inaceitável uso.
Sem querer assumir uma posição
"politicamente correcta" este uso e abuso incomoda-me. Creio que que
ignora e ofende o sofrimento das pessoas e das famílias que lidam com quadros
clínicos, de desenvolvimento ou de funcionalidade desta natureza. Pela decisão
agora conhecida a Entidade Reguladora da Comunicação Social não vê nada de
negativo nesta situação o que me parece lamentável.
No entanto, este é apenas mais um
exemplo das palavras que ofendem e que tão frequentemente ouvimos.
Sem comentários:
Enviar um comentário