Um Estudo da Organização Mundial
de Saúde (OMS) publicado na The Lancet Psychiatry e hoje citado no DN avalia o
impacto económico dos problemas do universo da saúde mental e o retorno económico
dos investimentos no seu tratamento.
Assim, conclui o estudo, um euro
investido no tratamento da depressão e ansiedade tem um retorno de quatro euros
em saúde e capacidade de trabalho. É muito significativo.
Em Portugal esta matéria assume
ainda contornos mais pesados pois é reconhecida a alta prevalência de problemas
de saúde mental e ainda mais evidente o fortíssimo consumo de psicofármacos por
parte dos portugueses.
Recordo que o Relatório Portugal
– Saúde Mental em Números 2014, na linha dos dados dos últimos anos,
evidenciava o peso fortíssimo que as patologias no âmbito da saúde mental têm
no âmbito da designada carga global de doença.
Estima-se que as perturbações do
foro psiquiátrico afectem mais de um quinto dos portugueses, 22.9%, umas das
taxas mais altas da Europa. O Relatório sublinha a inexistência de respostas
ajustadas, equipas comunitárias de saúde mental por exemplo, o que potencia o
recurso aos fármacos mesmo em situações não recomendáveis clinicamente. Este
recurso excessivo à medicação torna-nos num dos maiores consumidores de
psicofármacos com custo económicos brutais.
Se atentarmos no relatório
"Portugal Saúde Mental em Números 2013", só 16,2% das pessoas com
perturbações mentais ligeiras e 33,8% das que sofrem de perturbações moderadas
recebem tratamento em Portugal.
São também referidas no Relatório
a de 2014 as dificuldades de resposta em saúde mental para crianças e
adolescentes levando, por exemplo, a que em muitas situações os internamentos
neste grupo etário ocorram em serviços vocacionados para adultos algo que,
evidentemente, não deveria acontecer.
Num cenário de retracção dos
investimentos nas políticas de saúde que tantas vezes referi no Atenta
Inquietude, a experiência tem mostrado que a doença mental é, nas mais das
vezes, um parente pobre no universo das políticas de saúde.
Este cenário, fica agora
comprovado, torna-nos todos mais pobres e menos saudáveis. É uma opção
política, como sempre.
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