A forma como é tratada no
importante Estudo do CNE "Organização Escolar: As Turmas", os eventuais custos económicos de um eventual abaixamento
do número de alunos por turma é a parte que me merece mais reservas e, creio
mesmo, que destoa do rigor da parte substantiva do trabalho.
Em primeiro lugar o estudo
baseia-se numa proposta, não mais do que uma proposta de Verdes e PCP, pelo que
apesar da anunciada intenção do Governo de baixar o número de alunos por turma
não conheço quais os limites e, deste ponto de vista o Estudo é um exercício,
não mais do que isso.
Em segundo lugar e mais
importante, conforme a revisão de estudos internacionais demonstra o número de
alunos por turma mais baixo tem vantagens óbvias, já escrevi sobre elas no
texto anterior e noutras ocasiões cujo valor económico é difícil de determinar
mas fácil de entender pelo impacto na qualidade.
Na verdade qual o valor económico
de menos problemas de comportamento?
Qual o valor económico de melhor
clima na sala de aulas?
Qual o valor económico de mais
tempo para cada aluno?
Qual o valor o valor económico de
mais possibilidade de diferenciação das práticas?
No entanto se atentarmos “apenas “
no valor económico talvez seja de recordar que o Relatório Técnico do Conselho
Nacional de Educação sobre a retenção em Portugal divulgado em Fevereiro de
2015 afirma que o custo estimado por
cada aluno que chumba é de 6500€ e também se lê que em cada ano são retidos
cerca de 150 000 alunos. Dito de outra maneira os custos da retenção são cerca
de 975 milhões.
Quero afirmar apesar de não
desconhecer a importância da dimensão económica em matéria de educação, a
complexidade deste universo exige a consideração de múltiplas variáveis e não
apenas a questão financeira. Quer isto dizer que não gosto da análise que
acabei de estabelecer mas foi uma tentação.
Aliás, neste sentido, o Estudo do
CNE agora divulgado é uma excelente ferramenta de trabalho e reflexão pois
aborda aspectos essenciais e abrangentes.
Mas, por favor, educação não
prescinde dos euros mas é mais do que euros. A despesa na educação, bem decidida
e sem desperdício não é despesa é investimento.
Uma nota final para sublinhar
algo que os estudos revistos neste trabalho do CNE também mostram e que se
conhece de há muito, o peso também não quantificável em termos económicos da qualidade
do trabalho dos professores, da sua motivação e empenho, da sua qualificação,
etc. Aliás, o professor, a qualidade do seu trabalho, é, em muitas circunstâncias
a variável que faz a diferença.
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