De há vários anos que os estudos e a experiência mostram que as pessoas com deficiência ou as suas famílias identificam como
uma das áreas de necessidade frequentemente expressa a necessidade de
informação relativa a diferentes dimensões.
Uma primeira dimensão remete para
a necessidade expressa de obter informação clara e de forma acessível sobre o
quadro normativo que lhes diz mais especificamente respeito considerando a
natureza diferenciada dos problemas.
Uma segunda dimensão remete para
necessidade de conhecer com clareza e de forma global, em todas as áreas, os
dispositivos de apoio que estão disponíveis.
Em matéria, por exemplo, de funcionalidade e
acessibilidades, segurança social e emprego ou saúde e educação, a experiência
tem-me mostrado que muitas pessoas e famílias desconhecem a existência de
alguns apoios que estão previstos.
Também sei que nem sempre o que é
suposto existir ou o que está definido num normativo é o que se encontra e
passa na realidade mas o conhecimento sobre o que existe permite uma cidadania mais cumprida e também mais exigente.
Neste contexto, a criação de uns designados Balcões da Inclusão dedicados ao universo das pessoas com deficiência no âmbito da Segurança Social é uma iniciativa positiva mas
que carece de ser estendida a várias das dimensões que enunciei acima.
Esta necessidade é ainda mais
premente num país como o nosso que possui um quadro legislativo complexo, temo
o mau hábito de encharcar os normativos com doutrina o que dificulta a sua
interpretação, as más-línguas dirão que intencionalmente. Acresce a esta característica
a enorme dispersão de competências por milhentas entidades de vários
ministérios, por vários patamares, regional e local de facto são um enorme
obstáculo, mais um, à acessibilidade.
Esta iniciativa representa um passo
pequeno no caminho de cidadania mais robusta por conhecimento e acesso aos direitos
e deveres que obrigam todos, todos, os cidadãos.
PS - Não gosto particularmente da designação Balcões da Inclusão. O termo está tão desgastado que já nem sabemos bem o que significa. Conheço tantas práticas e tantos discursos que alimentam exclusão e que são desenvolvidas e enunciados ... em nome da inclusão. Cada vez mais me lembro do Mestre Almada Negreiros que na "Cena do Ódio" falava da "Pátria onde Camões morreu de fome e onde todos enchem a barriga de Camões".
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