quarta-feira, 27 de julho de 2011

A VIDA É UM VIDEOJOGO

O recente episódio trágico da morte de um adolescente atropelado em Proença-a-Nova, ao que parece no âmbito de perigosas "brincadeiras" na estrada, e que são filmadas para, claro, ganhar estatuto mediático através do YouToube, sugere algumas notas.
Sabemos dos manuais e da experiência de vida que a adolescência e juventude são um tempo de desafio, de testagem de limites, valores, regras, etc. que, quando tudo corre bem, contribuem para a construção estável de uma identidade, sem incidentes de maior para além da histórias com que se fica para contar aos filhos e que quase sempre começam por algo como, "Quando tinha a tua idade ...".
Este processo pode envolver, desde um visual mais alternativo (que motiva o estabelecimento de dressing code em escolas e faculdades), gostos musicais fora do mainstream, até comportamentos bem mais radicais como o "street racing" ou as "touradas" com carros, experiência que alegadamente terá vitimado o rapaz de Proença-a-Nova.
É evidente que discursos moralistas sobre estas matérias, sendo fáceis, são ineficazes e sem interesse. A questão é a facilidade com que nós, de uma forma ou de outra, vamos vendo, sem grandes sobressaltos, a vida transformar-se num gigantesco videojogo que não envolve só os mais novos e de que se conhecem muitos exemplos, acho notável estar horas a cuidar de uma quinta virtual.
A comunicação social, os jogos à disposição dos miúdos, a busca de algo "estimulante", a "adrenalina", a "pica", etc., é algo que faz parte da nossa vida. É razoavelmente fácil e muitas vezes tentador, por razões de desafio e no âmbito do grupo, ceder à transposição do videojogo para a vida real, quase sempre com resultados negativos. A propósito, segundo alguma imprensa, o louco responsável pelo massacre de Oslo referiu no seu manifesto a utilização do Call of Duty: Modern Warfare 2 como "treino" para a tarefa a que se propunha.
Um dias destes vamos ter que respirar um pouco mais fundo, desacelerar e tentar perceber os contornos e implicações deste processo quase inconsciente de viver num permanente videojogo.

1 comentário:

anónimo paz disse...

Não sou particularmente contra os videojogos. Não sei, porque não sou consumidor. se os mesmos trazem indicação expressa para que idade são indicados. Se assim for e os pais sejam responsáveis e rigorosos no aconselhamento ou mesmo na proibição da utilização dos jogos que não sejam indicados para idade dos seus filhos, apenas me resta citar o poeta italiano do século XIV, DANTE ALIGHIERI:

"UMA VEZ TERMINADO O JOGO, O REI E O PEÃO VOLTAM PARA A MESMA CAIXA".


saudações