quarta-feira, 27 de julho de 2011

OS CATA-VENTOS

O modelo de avaliação dos docentes que tinha entrado em vigor com a equipa de Isabel Alçada, aceite pelos representantes dos professores depois do consulado de Maria de Lurdes Rodrigues, era, é e sempre foi, um mau modelo de avaliação, burocratizado e desajustado.
Na altura em que foi aprovado, os partidos então na oposição, não assumiram a posição conjunta que há uns meses tomaram, suscitando a revogação do normativo que entretanto entrou, naturalmente, em vigor.
Em novo passo deste processo, o Tribunal Constitucional veio definir a inconstitucionalidade da decisão, retomando-se, assim, o normativo.
Agora, mudaram-se as cores governativas e é apresentada nova proposta de suspensão do modelo de avaliação. Como é de prever na partidocracia, os partidos que há uns meses votaram pela suspensão do diploma, decidiram-se hoje pela manutenção do mesmo mau diploma com desculpas que se entendem mas que mascaram o essencial, o cata-ventismo desta gente.
Do meu ponto de vista, este episódio é um excelente exemplo, apenas mais um, da gestão dos interesses partidários, das decisões tomadas pelos partidos com base nos interesses próprios e menos no interesse genuíno pelo que de verdadeiramente necessário está em jogo.
O sistema educativo sofreu, sofre, com a existência de um mau modelo de avaliação de professores, criou-se um clima péssimo nas escolas com implicações sérias no trabalho desenvolvido.
Tudo isto acontece, como sempre, porque os troca-tintas que vão emergindo na esfera do poder, dos poderes, se orientam pelos seus interesses partidários e corporativos funcionando tacticamente recorrendo à demagogia, hipocrisia e calculismo político.
Este comportamentos, a contradição, o discurso de cata-vento, mostra a arquitectura ética em que assenta a prática política em Portugal.

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