Um dos embaraços da nossa narrativa diária é a velocidade do mundo, melhor, as velocidades do mundo.
Umas notas sobre as velocidades do mundo tornariam demasiado extenso este alinhavo. Por hoje olhemos para as velocidades dos miúdos.
Pode parecer-vos estranho mas se bem repararem, com muita frequência, as velocidades que o mundo ou seja, nós, esperamos ou impomos aos miúdos nem sempre são compatíveis com as velocidades dos miúdos. Alguns exemplos do quotidiano.
Em muitas salas de aula organiza-se o trabalho esperando que os miúdos aprendam todos à mesma velocidade. Como tal não acontece, os miúdos não têm a todos a mesma velocidade, os mais lentos atrasam-se, os mais rápidos patinam e os do meio lá vão à velocidade esperada. Até há quem defenda escolas para lentos e escolas para rápidos sem perceber que a escola, tal como o mundo, deve ser para todos.
Muitos adultos, pais e não só, esforçam-se imenso para que os miúdos cresçam depressa, demasiado depressa, não lhes dão o tempo de miúdos. Os miúdos precisam de tempo para crescer, não podem crescer à pressa. Como sabem, depressa e bem, não há quem.
Por outro lado, também existem pais, mas não só, que acham que os miúdos são eternos miúdos, são os miúdos "ainda não". Retiram-lhes autonomia, decidem tudo por eles, infantilizam o seu comportamento, tornam-nos dependentes e sem ferramentas de funcionamento autónomo.
É verdade que as velocidades do mundo não tornam fácil o acomodar das velocidades dos miúdos. No entanto e como sempre, se não estivermos atentos às velocidades dos miúdos e às velocidades que lhes exigimos corremos o sério risco de ultrapassar os limites de velocidade, por cima ou por baixo, ou seja, o risco de acidente aumenta.
É fundamental que, tanto quanto possível, os miúdos façam viagens seguras. Por isso, atenção às velocidades.
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