Como muitas vezes aqui tenho referido, a falta de respostas e recursos a preços acessíveis para o acolhimento a crianças dos 0 aos 3 anos é um dos grandes obstáculos a projectos familiares que incluam filhos, levando aos conhecidos e reconhecidos baixos níveis de natalidade entre nós, 30 % das mulheres portuguesas têm apenas um filho.
A alteração dos estilos de vida, a mobilidade e a litoralização do país, levam à dispersão da família alargada de modo a que os jovens casais dependem quase exclusivamente de respostas institucionais que, ou não existem, ou são demasiado caras. Portugal tem um dos mais elevados custos de equipamentos e serviços para crianças o que é, naturalmente, um forte constrangimento um obstáculo para projectos de vida que envolvam filhos.
Neste quadro, parece francamente uma boa notícia a intenção hoje anunciada pelo governo de conseguir o aumento de 20 000 lugares em creches e centros de dia. Parece-me ainda positivo que este aumento seja também conseguido através de um entendimento racional e desburocratizado dos normativos sobre equipamentos. É conhecida por quem se move neste universo, a existência de algumas exigências, perfeitamente aberrantes num país como o nosso, contidas nas normas relativas aos equipamentos socais que, muitas vezes, não são garante de qualidade mas sim um obstáculo, às vezes intransponível, à resposta necessária.
Sabemos todos como o desenvolvimento e crescimento equilibrado e positivo dos miúdos é fortemente influenciado pela qualidade das experiências educativas nos primeiros anos de vida, de pequenino é que ...
Assim, o aumento significativo da resposta ao nível da creche é, seguramente, uma aposta no futuro e, por isso, merece registo.
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