quinta-feira, 7 de julho de 2011

AS RESPOSTAS TÍPICAS E AS ATÍPICAS

Aqui há uns tempos, uma colega minha andava às voltas com um trabalho académico que, entre outras tarefas, contemplava inquirir crianças e adolescentes sobre o que para si seria uma pessoa diferente.
A esmagadora maioria das respostas inscrevia-se dentro do que se poderia esperar, remetiam para o enunciar de características particulares de natureza física, do comportamento ou de gostos mas sempre com alguma possibilidade de agrupamento no que poderíamos designar por "respostas típicas".
Numas das inquirições um jovem com catorze anos à questão colocada "O que é para ti uma pessoa diferente?" depois de uns segundos de reflexão responde decididamente, "Eu".
A entrevistadora um pouco surpreendida tenta clarificar a natureza da resposta e o moço explicou de forma tranquila o seu entendimento em termos que procuro reconstituir.
"Eu sou uma pessoa diferente porque não conheço ninguém igual a mim. Até é estranho perguntar o que é uma pessoa diferente porque não existem pessoas iguais. Por isso acho que se as pessoas pensassem melhor quando lhes pergunta o que é uma pessoa diferente só poderiam responder Eu ou então Qualquer Uma. Como eu gosto de ser diferente como sou, respondo Eu".
A minha colega esteve quase a desistir do trabalho. Ainda bem que não o fez porque ficou um trabalho muito bonito.
O que aquele moço talvez ainda não tivesse começado a perceber é que as diferenças, algumas diferenças, com muita frequência produzem sofrimento, de uma forma geral as pessoas preferem as semelhanças, mesmo logo de pequeninos e na escola.
As semelhanças, tal como as respostas típicas, são muito mais fáceis de categorizar.

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