sexta-feira, 29 de julho de 2011

ÉS EXCELENTE MAS JÁ NÃO CABES. TEM PACIÊNCIA

Não conheço os contornos da proposta sobre o modelo de avaliação dos professores a apresentar hoje aos seus representantes por parte da nova equipa do MEC.
Parece existir algum consenso em torno da desburocratização imprescindível mas, ao que refere o Público, manter-se-á uma questão central, a existência de quotas.
Já muitas vezes me tenho aqui referido a esta matéria que tenho alguma dificuldade em perceber.
Em primeiro lugar e com ponto prévio esta questão assenta num equívoco. A tutela, desde há muito, com o assentimento dos representantes dos professores, colou, erradamente, a avaliação à progressão na carreira. Já disse e repito, que a progressão na carreira me parece mais ajustada se for realizada através de concursos com critérios transparentes, entre os quais, obviamente, estará de forma valorizada a avaliação de desempenho ou seja, quando vários professores concorrerem a patamares acima na carreira, os que melhor desempenho tiverem, terão, naturalmente, mais probabilidades de progredirem.
Por outro lado, tenho a maior dificuldade em perceber como se pode promover o mérito se, simultaneamente, se definem quotas para a excelência. Mais uma vez vejamos. Se um qualquer profissional, à luz dos critérios, sejam quais forem, que avaliam a qualidade do seu desempenho, merecer uma avaliação de excelente, tem, necessariamente, de obter esse patamar, dizer-lhe que é excelente mas já não cabe na quota de excelência é atacar o mérito e incentivar a desmotivação.
Há uns anos, ouvi o anterior Primeiro-ministro defender a existência de quotas com o argumento de que um exército não pode ter só generais. É claro e é disparate mas colhe em algumas franjas. Um general e um soldado não têm as mesmas funções e, portanto, não são se imagina a mesma necessidade de efectivos. Um professor em início de carreira é tão professor como um colega em fim de carreira que pode desempenhar exactamente as mesmas funções, não tem nada a ver com quotas.
Do meu ponto de vista, a insistência, a acontecer, na manutenção de quotas é manter um terrível equívoco que se pode traduzir, simplificando, no enunciado, “és excelente, tem paciência, mas já não cabes”.
Não entendo.

PS - O Ministro Nuno Crato confirmou que a existência de quotas continua prevista na nova proposta.

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