Era uma vez um Rapaz que estava quase sempre a rir. É verdade, em qualquer circunstância que se olhasse para ele parecia estar com um sorriso pendurado no rosto.
As pessoa estranhavam e algumas irritavam-se, convencidas de que o Rapaz estava, por assim dizer, a gozar, coisa que, como se sabe, os rapazes não devem fazer.
Na escola o Rapaz não tinha a vida fácil, os professores, de uma forma geral, detestavam ter nas suas aulas um Rapaz que estava quase sempre a rir. Algumas vezes foi mesmo posto fora da sala por não saber explicar porque se ria.
Não é de admirar, as pessoas gostam sempre de perceber a razão que leva os outros a comportarem-se desta ou daquela maneira e estar sempre a rir é uma maneira estranha, está bom de ver.
Com os colegas, alguns deles, a coisa às vezes também se complicava. Achavam o Rapaz com um ar trocista e surgiam os problemas.
A família do Rapaz, apesar de mais habituada ao seu riso, também se embaraçava com ele, sobretudo na presença de pessoas que o consideravam impertinente.
Com o tempo, o Rapaz que se ria foi sentindo que o mundo não lidava muito bem com as pessoas que se riam. O mundo gosta mais das pessoas com ar sério. Até se diz que muito riso, pouco siso.
As pessoas com ar sério não perturbam o mundo. E assim tudo corre bem.
A sério, não se riam.
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