domingo, 24 de abril de 2011

DESEMPREGO E SOBRESSALTO SOCIAL

Apesar, ou por via disso mesmo, do tempo pascal, este ano juntinho ao feriado de comemorativo do 25 de Abril, a crise, as consequências da crise, não podem deixar de estar presentes.
A imprensa de hoje refere que, segundo dados do IEFP, o número de casais em que ambos estão desempregados quase triplicou em cinco meses, um número absolutamente devastador.
Estando em discussão os termos do negócio, a que chamam ajuda, que o FMI, o FEE e o BCE estão a fazer com o estado português, tem vindo a colocar-se a possibilidade de mais cortes nos chamados apoios sociais que envolvem, entre outras situações, os casos de desemprego que, aliás, se estima vir a aumentar.
Sabemos todos, embora alguns esqueçam, que os mercados não têm alma, são amorais e as pessoas são activos ao serviço dos interesses dessas entidades, os mercados.
É interessante nesta matéria verificar dois recentes exemplos providenciados de um empresário que tem emergido como paladino da ética e da verticalidade, Alexandre Soares dos Santos, do grupo Jerónimo Martins, detentor dos hipermercados Pingo Doce. O primeiro exemplo, como bem referiu Nicolau Santos no Expresso, foi o de publicitar até à exaustão que o IVA não aumentou na sua cadeia mas repercutiu o aumento do IVA nos preços pagos aos produtores, esmagando, assim, as suas já reduzidas margens. Continuou desta forma manhosa a assegurar a fatia de leão do lucro, a distribuição e ainda pôde clamar que não aumentou o IVA. O segundo exemplo prende-se com a tentativa em curso de "sugerir delicadamente" aos seus funcionários que trabalhem no 1º de Maio, dia em que o comércio sempre esteve encerrado mas que legislação recente permite a abertura. Neste exemplo em que está bem acompanhado pelo Grupo Sonae, a medida de abrir os hipermercados visa certamente promover o convívio e proporcionar um espaço de passeio e ocupação aos cidadãos.
Por isto tudo e voltando ao aumento extraordinário do aumento de casais de desempregados, seria absolutamente necessário que se entendesse e assumisse que o negócio em curso com a famosa troika não pode de forma alguma esquecer as pessoas, sobretudo as que mais vulneráveis e em risco de exclusão vão ficando.
Corremos o sério risco de ficar à beira, não de um sobressalto cívico como agora se fala , mas de um sobressalto social que pode assumir contornos imprevisíveis.

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