O Público de hoje aborda o Relatório da União Europeia relativo ao cumprimento das metas em educação estabelecidas para 2010 e as que se desenham para 2020.
De uma forma geral os resultados obtidos ficaram aquém dos objectivos, excepção feita ao número de diplomados em Ciências, Tecnologia e Matemática. Neste particular indicador, Portugal teve um desempenho excelente tendo subido 193.2 %, o mais significativo crescimento.
Sendo de registar e saudar tal desempenho, importa conseguir que tal progresso não signifique hipotecar níveis de qualidade e exigência, na linha do que em alguns programas tem acontecido em Portugal nos últimos anos.
Do relatório constam também os indicadores relativos ao abandono escolar precoce e aqui a realidade é bem menos simpática, antes pelo contrário.
Sendo certo que em Portugal também diminuiu a taxa de abandono no período em análise, temos que em 2009 a média da UE a 27 era de 14.4 % e em Portugal 31.2 %. Segundo o INE, em 2010 o abandono continuou a cair mas é ainda de 28,7 %, ou seja, o dobro da média em europeia. Tal indicador vem mostrar o que sempre afirmo, não somos um país de “doutores”, ideia falsa vendida até à exaustão por uma opinião publicada ignorante e apoiada em alguma comunicação social mais negligente.
Como muito frequentemente afirmo, o abandono escolar é frequentemente a primeira etapa da exclusão social. Nesta perspectiva, o combate ao abandono deve, tem de, ser um eixo central na política educativa. A eficácia nesta tentativa de baixar os níveis de abandono passa necessariamente pela diversificação dos percursos de educação e formação, o que habitualmente se designa por oferta educativa.
Deve sublinhar-se que têm sido realizados progressos bastante significativos na diversificação desta oferta embora, muitas vezes, as alternativas disponibilizadas sejam percebidas pelos alunos e pelas famílias como “formação de segunda”. Algumas escolas têm práticas que alimentam esta percepção, na medida em que canalizam preferencialmente os “maus alunos” para formação “alternativa”.
Na verdade o que é absolutamente central é que os jovens ao sair do sistema se encontrem equipados com qualificação profissional, quer ao nível do ensino secundário, quer ao nível do ensino superior que com o trabalho no âmbito do ensino politécnico tem condições para processos de qualificação mais curtos e mais diversificados.
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