terça-feira, 26 de abril de 2011

AS REFORMAS DOS SEM NADA

Segundo dados da Pordata relativos a 2010 e hoje divulgados no CM, existem cerca de um milhão e meio de portugueses com reformas abaixo do salário mínimo nacional. Neste cenário que as actuais circunstâncias tenderão a agravar, a maioria destes portugueses acabam a sua vida sem a dignidade e a qualidade que seriam próprias, mas que modelos de desenvolvimento económico e social injustos e criadores de exclusão, associados à insensibilidade ou incompetência política na definição de prioridades se encarregam de negar. A propósito, deixo uma pequena história que em tempos pousou aqui o Atenta Inquietude.

Era uma vez um homem chamado Sem Nada. Como é de tradição nasceu de um Sem Nada e Sem Nada ficou.
Toda a sua vida foi um homem que, como agora se diz, não teve oportunidades, ou se teve, não deu por isso, ou ainda, se as teve não as aproveitou.
Cresceu como crescem os Sem Nada, por ali, por aqui, em risco e sem projecto, como agora se diz.
A sua vida adulta foi uma sucessão de desencontros com os afectos e de passagens breves por actividades avulsas que foram autorizando a sobrevivência do Sem Nada.
Velho, o Sem Nada arrumou-se onde se arrumam os velhos como o Sem Nada, sós no meio dos outros iguais a si e sem nada.
Finalmente, saiu da vida exactamente como entrou, Sem Nada. Cumpriu o destino dos Sem Nada.

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