Uns dias poucos no Meu Alentejo começaram sob os auspícios da chuva. Já estava a fazer falta depois de, como dizem os homens da meteorologia, termos passado pela primeira onda de calor deste ano. A terra pedia.
Na conversa com a vizinha do monte aqui do lado de cima sobre o borrego da Páscoa ela dizia que tinha sido uma noite e um dia de chuva abençoada e bem chovida, expressão curiosa e bonita.
A bênção do que aparece quando é preciso e o bem chovido que cuida e alimenta sem estragar a terra, ou seja, cuida bem da vida da gente, de toda a gente.
Durante a leitura diária da imprensa e um jornal televisivo lembrei-me da chuva abençoada e bem chovida.
As palavras que se ouvem e lêem não são abençoadas e não são bem chovidas, perdão, bem falado.
Não são precisas estas palavras, estão a mais, tratam do acessório e não do essencial, são ruído e não comunicação, servem para monólogos e não para diálogos, destinam-se ao interesse de uns poucos e não aos problemas de uns muitos. Estas faladas não abençoadas e mal faladas exasperam ou deprimem consoante o estado de alma do escutador.
A questão, para o melhor e para o pior, é que os homens não mandam nesta chuva, ainda, mas são os homens que escolhem as falas mal faladas.
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