sábado, 16 de abril de 2011

O NOBRE PROPÓSITO E A TRISTE FIGURA

Parecem cada vez mais claros os Nobres propósitos, o poder, isso mesmo, o poder e só o poder. Quando me refiro a este assunto, acho por bem esclarecer que na altura da eleição para a Presidência da República me pareceu saudável a emergência de uma candidatura fora do controlo dos aparelhos partidários e os resultados vieram a confirmar a disponibilidade do eleitorado para esse não alinhamento.
Assente a poeira, a candidatura de Fernando Nobre como cabeça de lista do PSD por Lisboa com a “missão” de ser Presidente da Assembleia da República, representa o atropelo aos discursos e comportamentos que tinha vindo a assumir reiteradamente. Não é grave, ninguém é perfeito, a carne é fraca e não é o primeiro, nem será o último actor da cena portuguesa dar tão grande cambalhota, antes pelo contrário a maioria dos actores políticos mostram-se autênticos troca-tintas.
Em entrevista ao Expresso de hoje o Dr. Nobre mostra ainda de forma mais despudorada como é possível tamanho contorcionismo cívico. Apenas duas referências particularmente significativas. Em primeiro lugar, reconhece não conhecer o programa político do PSD o que para o cabeça de lista ao mais importante círculo eleitoral, Lisboa, seria anedótico se não fosse patético e elucidativo do nobre propósito, querer e aceitar o poder em nome seja do que for. A segunda referência ao facto de Fernando Nobre afirmar que apenas lhe interessa o lugar de Presidente da Assembleia, se não ficar com ele renuncia imediatamente ao lugar de deputado. Para democrata não está mal, ou ganha ou sai do jogo. Mais uma vez se percebe que o que move o Dr. Nobre não é a democracia, a cidadania, como lhe chama num abastardamento do termo, é o poder, sempre o poder.
Sempre me lembro do meu pai. A espinha direita e a dignidade são uma reserva que um homem não pode perder, nunca. Nobre ficou, em termos políticos, sem ambas, perdeu a espinha direita e a dignidade.
Ficaram claros os Nobres propósitos. Triste figura.

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