domingo, 18 de outubro de 2009

O MAL-ESTAR DE CRIANÇAS E JOVENS

O DN de hoje refere o aumento significativo que se tem vindo a verificar no consumo de anti-depressivos. Não é um dado novo e as explicações dos especialistas citados remetem para diferentes causas referindo, por exemplo, o aumento de quadros depressivos em crianças e jovens e o facto de a prescrição ter aumentado por clínicos não especialistas de psiquiatria que, apoiados na nova geração de ansiolíticos, a usarão de forma abusiva. Uma nota sobre a incidência de quadros depressivos entre os mais novos.
O aumento dos casos de depressão em crianças e jovens, que os indicadores conhecidos sustentam, vem evidenciar algo que recorrentemente aqui afirmo e que muitos discursos e opiniões contrariam, a vida de crianças e jovens não é tão fácil como muitos pensam e exprimem. Essa dificuldade transparece nos múltiplos sinais de mal-estar entre a população mais nova. Este mal-estar pode traduzir-se de diferentes formas, comportamentos mais instáveis, falta de rendimento escolar ou, também, o desenvolvimento de quadros depressivos. Muitas crianças e jovens, mesmo inseridos em ambientes familiares sem aparentes dificuldades, vivenciam situações de isolamento, falta de confiança e desconforto que nem sempre a escola consegue identificar, remetendo as consequências escolares desse mal-estar para a “simples” preguiça e falta de empenho. Do meu ponto de vista, é essencial estar atento a esses sinais de desconforto e evitar discursos de desvalorização ou atitudes negligentes assentes em equívocos como, “é da idade, passa com o tempo” ou pior, “enquanto está só, não está a fazer asneiras com os outros”. Quanto mais cedo se perceberem e se desencadearem formas de apoio, mais saudável será a vida dos mais novos.
O grande problema é que não somos uma comunidade atenta, a retórica da preocupação não chega.

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