Muitas vezes aqui me refiro ao problema do desemprego que é unanimemente reconhecido como a face mais dramática da crise em que mergulhámos. As notícias sobre a crise começam a ser mais animadoras mas quanto ao desemprego a situação ainda pode piorar para 2010. Para além dos óbvios efeitos na qualidade de vida das pessoas envolvidas e nos respectivos agregados familiares que podem. no entanto, ser minimizados através de políticas sociais eficazes e oportunas, creio que o efeito do desemprego na auto-estima e dignidade é devastador para a esmagadora maioria. O Público de hoje apresenta um trabalho sobre a matéria e os dois casos de desemprego relatados como exemplo ilustram o que afirmei sobre dignidade e auto-estima.
Estando a escrever estas notas no meu Alentejo lembro-me de muitas conversas com o Mestre Marrafa, o Mestre Joaquim ou o Mestre Pelado, já falecido, em que se abordava como era o trabalho há muitas décadas por aqui.
A maioria das pessoas não tinha trabalho fixo, todos os dias, ou quando acabavam algum período, iam até ao largo da vila onde os feitores ou moirais, em representação dos lavradores donos das herdades, escolhiam quem iria trabalhar em função das necessidades e preferências.
Contavam-me que, muitas vezes havia gente que, precisando desesperadamente de ganhar alguma coisa, não eram escolhidos, fosse por simpatia, represália por ideias estranhas, desnecessidade, ou, naturalmente, por não terem competência. Essa gente, dizia o Mestre Pelado, passava muito. Só a solidariedade de vizinhos e a compreensão de alguns pequenos comerciantes permitiam a sobrevivência.
Mas para manter a dignidade de um homem, a sobrevivência, sendo importante, não chega.
Estando a escrever estas notas no meu Alentejo lembro-me de muitas conversas com o Mestre Marrafa, o Mestre Joaquim ou o Mestre Pelado, já falecido, em que se abordava como era o trabalho há muitas décadas por aqui.
A maioria das pessoas não tinha trabalho fixo, todos os dias, ou quando acabavam algum período, iam até ao largo da vila onde os feitores ou moirais, em representação dos lavradores donos das herdades, escolhiam quem iria trabalhar em função das necessidades e preferências.
Contavam-me que, muitas vezes havia gente que, precisando desesperadamente de ganhar alguma coisa, não eram escolhidos, fosse por simpatia, represália por ideias estranhas, desnecessidade, ou, naturalmente, por não terem competência. Essa gente, dizia o Mestre Pelado, passava muito. Só a solidariedade de vizinhos e a compreensão de alguns pequenos comerciantes permitiam a sobrevivência.
Mas para manter a dignidade de um homem, a sobrevivência, sendo importante, não chega.
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