Ainda uma pequena reflexão a propósito do aumento do consumo de psicofármacos. Só para recordarmos a dimensão desse aumento, 36,6 % em cinco anos, dados do Alto Comissariado da Saúde relativos a 2007 dizem-nos que, em média, se verificou um consumo diário de 152,1 fármacos daquele tipo por cada mil habitantes, enquanto a média da UE para 2006 foi de 42,3 o que é, de facto, uma diferença significativa.
Para além de explicações como a excessiva facilidade com que são prescritos por clínicos não psiquiatras, da tendência para a auto-medicação que facilita o uso do “remédio” do amigo porque “faz bem”, existe algo que também me parece contribuir para este excessivo consumo.
De há uns tempos para cá entrou no léxico comum da cena política uma terminologia vinda da área da saúde mental com efeitos que ainda não foram avaliados. Alguns exemplos. É muito frequente a referência a estados de depressão, o país está deprimido, os mercados estão deprimidos, algumas regiões portuguesas são consideradas deprimidas, etc. Diz-se com todo o à vontade que certos comportamentos políticos podem ser suicidas, seja de pessoas ou de partidos. Inventaram um quadro de claustrofobia democrática, seja lá isso o que for. Não há opinador, amador ou profissional, que não se refira a autismo ou a autista para adjectivar discursos e comportamentos políticos. Aliás, deve recordar-se que a Assembleia da República aprovou uma moção no sentido de se não utilizar tal terminologia nos debates parlamentares. Multiplicam-se as referências a pessoas que assumem compulsivamente estratégias de vitimização. Abundam as análises que sublinham a grave baixa auto-estima dos portugueses. A comunidade atribui o estatuto de inimputável ao Dr. Alberto João o que o deixa “à solta”. É também de referir que nos últimos tempos muitos analistas diagnosticaram uma dupla personalidade ao Primeiro-ministro, o que explicaria, dizem, uma mudança de comportamento a partir das eleições europeias. Neste contexto e considerando ainda a situação grave que o país tem vindo a atravessar, não é de estranhar que os portugueses depositem nos psicofármacos a esperança de dias melhores.
Para além de explicações como a excessiva facilidade com que são prescritos por clínicos não psiquiatras, da tendência para a auto-medicação que facilita o uso do “remédio” do amigo porque “faz bem”, existe algo que também me parece contribuir para este excessivo consumo.
De há uns tempos para cá entrou no léxico comum da cena política uma terminologia vinda da área da saúde mental com efeitos que ainda não foram avaliados. Alguns exemplos. É muito frequente a referência a estados de depressão, o país está deprimido, os mercados estão deprimidos, algumas regiões portuguesas são consideradas deprimidas, etc. Diz-se com todo o à vontade que certos comportamentos políticos podem ser suicidas, seja de pessoas ou de partidos. Inventaram um quadro de claustrofobia democrática, seja lá isso o que for. Não há opinador, amador ou profissional, que não se refira a autismo ou a autista para adjectivar discursos e comportamentos políticos. Aliás, deve recordar-se que a Assembleia da República aprovou uma moção no sentido de se não utilizar tal terminologia nos debates parlamentares. Multiplicam-se as referências a pessoas que assumem compulsivamente estratégias de vitimização. Abundam as análises que sublinham a grave baixa auto-estima dos portugueses. A comunidade atribui o estatuto de inimputável ao Dr. Alberto João o que o deixa “à solta”. É também de referir que nos últimos tempos muitos analistas diagnosticaram uma dupla personalidade ao Primeiro-ministro, o que explicaria, dizem, uma mudança de comportamento a partir das eleições europeias. Neste contexto e considerando ainda a situação grave que o país tem vindo a atravessar, não é de estranhar que os portugueses depositem nos psicofármacos a esperança de dias melhores.
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