quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A HISTÓRIA DO CROMO

Era uma vez um homem chamado Cromo. Nome estranho este, parecia indiciador de um destino que o homem quis cumprir. Desde pequeno, logo na escola tentou destacar-se em alguma actividade sem resultados significativos. Aliás saiu cedo da escola e sem grande brilho. Os colegas achavam que o Cromo tinha algum jeito para o futebol a que se dedicava de alma e coração com aqueles sonhos que povoam a cabeça de todos os miúdos, jogar num estádio cheio e aparecer na capa de um jornal desportivo.
Com os sonhos na mochila foi percorrendo os vários escalões na equipa lá da sua terra.
Um dia teve sorte, até os Cromos precisam de sorte que, como sabem, é um bem escasso e um olheiro, uma daquelas pessoas que ao serviço de clubes maiores andam a observar jogadores, reparou nele. Entre parêntesis, devo dizer que acho olheiro um nome bonito, alguém que olha para querer ver. Como ia dizendo, o Cromo recebeu um convite para ir fazer uns treinos num clube daqueles que disputam o campeonato mais importante.
Na noite anterior ao primeiro treino o Cromo nem dormiu, chegou nervoso como nunca se tinha sentido, mas com a ajuda dos companheiros a coisa correu bem e assinou um contrato de profissional.
Ficou algum tempo nesse clube com uma carreira modesta, sem brilho particular e sem ser capa de jornal. O Cromo era um daqueles jogadores discretos diluídos na equipa. Acabou por sair e terminar onde tinha começado, no clube da sua terra.
Apesar de tudo o Cromo cumpriu o seu destino. Ocupa um lugar na página 16 de uma caderneta de cromos que o seu filho tem sempre aberta e que passa o tempo a mostrar aos amigos com um brilho enorme nuns olhos grandes, “Este Cromo é o meu pai”.

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