domingo, 4 de outubro de 2009

IMIGRANTES NUMA TERRA DE EMIGRANTES

Políticas erradas seguidas durante anos em matéria de formação de médicos motivou a carência que agora se sente destes profissionais, com reflexos óbvios na qualidade de serviços prestados no âmbito do SNS, designadamente na falta de médicos de família sobretudo em zonas de interior ou suburbanas com forte densidade populacional. No sentido de atenuar o problema recorre-se à emigração, particularmente de médicos cubanos. Há dias, aqui no meu Alentejo, entrei na farmácia e uma senhora perguntava à farmacêutica se sabia se havia médico de serviço, era um sábado, no Centro de Saúde da vila. A resposta não deixa de ser curiosa, “Sim está um doutor cubano, mas é muito simpático”, acho piada ao mas.
Ao que parece estes médicos estarão a ser induzidos a praticar a profissão em condições de discriminação negativa face aos clínicos nacionais. Se assim acontecer, dá para constatar que, até entre os imigrantes de primeira, estamos a falar de médicos, a discriminação é um risco. Certamente preocupada com estes riscos a Dra. Manuela Ferreira Leite alertava para o recurso a mão-de-obra cabo-verdiana e ucraniana para as obras do programa do governo e o Dr. Portas quer restringir a imigração também preocupado, creio, com os riscos que correm.
Num país como o nosso, com uma fortíssima tradição de emigração por todo o mundo, seria de exigir uma particular atenção aos problemas da imigração, regulada na entrada, naturalmente, e apoiada na estadia.
Ainda me lembro dos bidonvilles nos arredores de Paris quase que exclusivamente ocupados por portugueses e das condições de vida aí existentes. A memória e a história deveriam servir para ajudar a entender o presente e a preparar o futuro.

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