Como penso que terá acontecido com muita gente, acompanhei ontem à noite a divulgação dos resultados das legislativas e, não podia deixar de ser, as reacções, análises, comentários que iam merecendo.
Para além de sublinhar o recuo significativo da abstenção,
vale a pena retomar o que considero ser a mais notável análise que foi
produzida.
Quando já parecia certa a maioria absoluta do PS, a RTP
inquiriu a Senhora Deputada Isabel Meirelles, ex-vice-presidente do PSD, sobre o que
teria falhado.
De forma rápida e dura afirmou que “o que falhou foi o povo
português”. Notável.
Pois é Senhora Deputada, esta modernice de ser o “povo”
a escolher quem entende que deve gerir os destinos do país só dá problemas. Não
sabem, não compreendem, não pensam, não estudam e pronto, dá nisto, votam
errado.
Só vejo duas hipóteses para prevenir este desconsolo. Ou a Senhora
Deputada muda o regime e dispensa este processo arriscado de ser o povo a decidir
e, claro, decidir mal, ou a Senhora Deputada arranja outro povo, assim mais
clarividente e que não falhe aos seus desejos.
Uma terceira hipótese, que não sei se ajudará, seria pedir a
alguém próximo que lhe explicasse o que é democracia. No PSD encontra
facilmente quem o possa fazer e sem ter que se misturar com essa gente mais perigosa da esquerda.
PS – Preferia que não se tivesse verificado maioria
absoluta. As negociações e acordos são uma forma de regulação e escrutínio que
minimiza riscos de prepotência, de confusão entre os interesses do país e os
interesses do partido, além de que alargam perspectivas e consensos.
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