segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

O POVO FALHOU

 Como penso que terá acontecido com muita gente, acompanhei ontem à noite a divulgação dos resultados das legislativas e, não podia deixar de ser, as reacções, análises, comentários que iam merecendo.

Para além de sublinhar o recuo significativo da abstenção, vale a pena retomar o que considero ser a mais notável análise que foi produzida.

Quando já parecia certa a maioria absoluta do PS, a RTP inquiriu a Senhora Deputada Isabel Meirelles, ex-vice-presidente do PSD, sobre o que teria falhado.

De forma rápida e dura afirmou que “o que falhou foi o povo português”. Notável.

Pois é Senhora Deputada, esta modernice de ser o “povo” a escolher quem entende que deve gerir os destinos do país só dá problemas. Não sabem, não compreendem, não pensam, não estudam e pronto, dá nisto, votam errado.

Só vejo duas hipóteses para prevenir este desconsolo. Ou a Senhora Deputada muda o regime e dispensa este processo arriscado de ser o povo a decidir e, claro, decidir mal, ou a Senhora Deputada arranja outro povo, assim mais clarividente e que não falhe aos seus desejos.

Uma terceira hipótese, que não sei se ajudará, seria pedir a alguém próximo que lhe explicasse o que é democracia. No PSD encontra facilmente quem o possa fazer e sem ter que se misturar com essa gente mais perigosa da esquerda.

 

PS – Preferia que não se tivesse verificado maioria absoluta. As negociações e acordos são uma forma de regulação e escrutínio que minimiza riscos de prepotência, de confusão entre os interesses do país e os interesses do partido, além de que alargam perspectivas e consensos.

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