quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

E AGUENTAM?

 Ao ler que entre 10 e 19 de Janeiro em crianças e jovens até aos 19 anos se verificaram perto de 10000 infecções diárias é impossível não sentir uma forte inquietação.

Nas escolas uma parte significativa de alunos vai estando ausente das aulas à vez pois o tempo de isolamento foi reduzido.

Não tenho a menor dúvida que é profundamente difícil gerir equilibradamente um problema sério de saúde pública conjugado com um também sério problema de saúde educativa.

Todos os profissionais das escolas, também eles em situação vulnerável, estarão a fazer um esforço brutal para contenção de danos que importa reconhecer e evitar discursos tentadores de responsabilização em nome de uma falsa ideia de que as escolas é que decidem o que fazem, baralhando uma ideia séria de autonomia com um facilitista “desenrasquem-se”.

Lembrei-me de uma conhecida afirmação do banqueiro Fernando Ulrich a propósito das dificuldades dos portugueses no período mais pesado da austeridade, à pergunta sobre se o país aguentaria mais autoridade, respondeu levianamente “Ai aguenta, aguenta”, esquecendo-se do preço altíssimo que muita gente pagou e ainda paga.

Será que crianças, jovens, profissionais das escolas, pais, profissionais de saúde aguentam?

Quero acreditar que sim, mas preocupa-me muito o preço.

Sem comentários: