Era uma vez dois Rapazes que não acompanhavam o ritmo. Nunca se sabe muito bem qual é o ritmo. Talvez se deva entender que seria o ritmo dos outros rapazes e raparigas, mas o entendimento era que eles não acompanhavam o ritmo.
Desde pequeno que achavam que o ritmo do Primeiro Rapaz era
diferente e por várias razões, ou porque mostrava algumas habilidades antes do
que se esperava ou, pelo contrário, depois do que se previa. Na escola
continuou a mostrar-se não conforme os outros, falava a destempo,
comportava-se, por vezes, de forma estranha, não porque fosse muito indisciplinado,
mas discutia com frequência sobre as matérias e notícias utilizando uma
argumentação e ideias que não pareciam ajustadas à idade. Tinha interesses não
muito habituais no seu grupo, tinha, por exemplo, uma paixão por fotografia. No
final da adolescência, no tempo das escolhas, decidiu-se por estudar
arquitectura e desenvolveu outra paixão, enamorou-se por uma bailarina. O
Primeiro Rapaz que não acompanhava o ritmo acabou por se tornar num fotógrafo
de reconhecidos méritos, o mais sublinhado dos quais foi a inovação.
O Segundo Rapaz que não acompanhava o ritmo teve uma
história que começou da mesma maneira que a do Primeiro Rapaz, mas foi mais
breve, não acompanhava o ritmo. Certamente por não acompanhar o ritmo acabou
por abandonar a escola logo que pôde, entrou no alucinado ritmo da vida da rua
e ainda e sempre sem acompanhar o ritmo partiu num acidente depois de um
assalto que correu mal.
É sempre complicada a narrativa dos rapazes que não
acompanham o ritmo, umas vezes acaba bem, outras … nem tanto.
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