No Expresso lê-se que nos dois anos que vivemos neste cenário de pandemia os pedidos de ajuda ao Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise do INEM aumentaram 52,8% nos jovens até aos 19 anos em dois anos de pandemia.
De acordo com a directora do Centro que muitas vezes os sinais de mal-estar não são percebidos e sublinha a necessidade de não desvalorização de sintomas e a importância de assumira a necessidade de apoio e atenção.
No mesmo sentido, em Agosto de 2021 foi divulgado
um trabalho realizado pela Universidade de Calgary, no Canadá em que foram
analisados 29 estudos de diferentes países envolvendo 80879 crianças e jovens.
Como dado mais relevante constata-se que um em cada quatro crianças ou jovens
tem sintomas de depressão elevados e um em cada cinco apresenta sintomas de
ansiedade altos devido à pandemia da covid-19.
Complementando recordo que já em
Março foi noticiado que em alguns hospitais se registou um aumento do número de
crianças e jovens que chegaram ao serviço de urgência com problemas de
ansiedade ou humor. No Hospital D. Estefânia, por exemplo, o número de crianças
e jovens que tiveram contacto com a pedopsiquiatra através de serviço de
urgência aumentou quase 50% no início de 2021 face ao mesmo período do ano
passado.
De facto, têm sido múltiplos os
estudos que referem esta questão, a deterioração da saúde mental de crianças e
jovens, mas também de adultos, no quadro da pandemia. Os confinamentos a que se
associaram os períodos de isolamento, a falta de rede social dos pares, as
dificuldades de diversa ordem sentidas nos contextos familiares terão dado um
contributo significativo. Os dados mais recentes acentuam a importância desta matéria
Deste quadro resulta a
necessidade de atenção à saúde mental de crianças e jovens ainda que habitualmente a saúde mental seja um parente pobre das
políticas públicas de saúde.
O impacto da pandemia nas
aprendizagens tem sido muito referido e está a ser objecto de um plano
específico, Plano 21/23 Escola + que, esperamos, mobilize os recursos e as intervenções necessárias aos que se propõe. Seria importante que a esta recuperação no
plano das aprendizagens estivesse associada a uma forte preocupação com a saúde
mental de crianças e jovens com os apoios e recursos necessários.
Crianças e jovens que passam mal,
não aprendem, vivem pior e correm riscos sérios de comprometer o futuro pelo
que os apoios e resposta não podem, não devem, falhar.
Como o povo diz, é de pequenino
que se torce o … destino.
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