Ao que parece, as escolas voltarão a receber os miúdos a partir de 10 de Janeiro. Resisto à tentação de opinar sobre a bondade da medida em termos de saúde pública, mas entender que que é na escola que a escolaridade se cumpre.
No entanto e pode parecer estranho
lembrei-me de uma expressão que o Mestre Zé Marrafa ainda há pouco referiu
quando acertámos uma das tarefas para hoje, charruar terra, da qual ele acha
que não me saio muito bem apesar das lições, as leiras ficam sempre tortas,
coisa feia, que não luz. É verdade, resigno-me, o tractor parece que não me
obedece.
Diz ele que perto é o que gente
alcança e longe o que a gente não alcança, sublinhando que podemos sempre
tentar alcançar e do longe fazer perto.
De facto, lembrei-me desta léria a
propósito da escola e da relação que alguns miúdos estabelecem com ela. Na
verdade, existem alguns gaiatos que não alcançam a escola, ou seja, na ideia do
Velho Marrafa, para esses a escola estará mesmo longe, ainda que nela passando
os dias.
Quem convive com os cenários
educativos reconhece certamente estes miúdos, tornam-se, muitos deles, bem
visíveis, quando sentem que não alcançam a escola, que ela lhes fica longe,
comportam-se de tal forma que a escola não pode deixar de olhar para eles e
ficam, frequentemente, os alunos mais conhecidos da escola. Outros, acabam por
se tornar “invisíveis” e também eles a escola nem sempre alcança.
A questão é que enredada numa
teia de burocracia, envolvida na deriva política dos interesses secundários e
de alguma incompetência nas políticas públicas, por vezes sem meios e recursos,
responsabilizada por tudo e mais alguma coisa e permeável à negligência e falta
de competência de alguns que a servem e a gerem, a escola também não consegue,
em muitas situações, alcançar estes alunos e fazê-los perceber-se perto de si.
Cumpre-se assim a narrativa de
alguns miúdos, nasceram para viver fora do alcance, até deles próprios.
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