Ao ler algumas coisas sobre o futuro da educação anunciado pela OCDE, a que voltarei, lembrei-me da história do miúdo chamado Triste.
Como sabem, as pessoas que se chamam Tristes não são
parecidas com as pessoas que têm outros nomes. Este miúdo, o Triste, também não
era assim muito parecido com os outros miúdos lá da escola. Não falava tanto
como os colegas, nas aulas estava tranquilo, realizava sem sobressaltos as
tarefas que lhe pediam e os resultados ficavam-se pelos mínimos. Não era muito
amigo de brincadeiras, no recreio, aconchegava-se a um canto e ficava a
observar os outros. Não se percebia muito bem se não se aproximava por não
querer, não gostar ou outra qualquer razão.
Mas o que verdadeiramente era diferente no Triste em relação
aos outros miúdos era o seu olhar. Só estando perto dele é que se percebia, os
seus olhos pareciam ainda mais tristes que o seu nome. Como as pessoas,
pequenas ou grandes não se aproximavam muito do Triste não percebiam como
tristes eram os seus olhos.
Um dia, o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala
com os livros, aproximou-se devagar e sentou-se ao lado do Triste sem dizer
nada. O miúdo olhou-o, mas também nada disse.
Alguns minutos depois o Triste disse "Não dizes nada
Velho". "Estou a pensar" disse o Velho no seu jeito manso.
"Em mim?", perguntou o Triste. "Sim, em ti. Queres falar sobre o
que estou a pensar?".
"Não. Não gosto de Tristes. Como toda a gente".
Disse o miúdo chamado Triste ao mesmo tempo que se levantava.
Não, a tristeza que vive em muitos miúdos não é acessível
aos algoritmos de máquinas ensinantes.
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