domingo, 24 de março de 2019

AFINAL HAVIA OUTRA


Em entrevista ao Financial Times Wolfgang Schäuble, o nosso bem conhecido ex-ministro das Finanças alemão expressa tristeza e algum arrependimento pela forma como a crise das dívidas soberanas foi gerida. Lê-se no Público, “Bem…sinto-me triste, porque tive um papel em tudo isso. E penso como podíamos ter feito as coisas de forma diferente”,
Talvez seja de recordar que as “coisas” defendidas e impostas por Wolfgang Schäuble aos “bons alunos” portugueses produziram perto de três milhões de portugueses em risco de pobreza e exclusão, cerca de um milhão de desempregados, cortes brutais nos rendimentos das famílias e nos apoios sociais com consequências catastróficas nas condições de vida e na dignidade de muitas milhares de pessoas e esta gente afirma tranquilamente que talvez pudesse ter sido diferente. É apenas mais um como o FMI ou o Tribunal de Contas Europeu a reconhecer que a ... “coisa não correu bem”, “a coisa não correu como estávamos à espera”.
Não é possível ouvir estes abutres sem sentir um profundo embaraço. Usam modelos que reconhecem errados, produzem previsões que reconhecem erradas, arrasam a vida de milhões, e serenamente informam, “tenham paciência”, “não correu bem”.
E não acontece nada?
Nós sabemos quem pagou e está a pagar um preço altíssimo e devastador pelo "engano". E os(ir) responsáveis?
Na verdade, parece cada vez mais claro que a ideia do TINA “- There Is No Alternative era um mantra mil vezes repetido para se tornar verdade.
As políticas duras de austeridade que esqueceram pessoas, famílias e pequenas empresas, promoveram desigualdade, pobreza e exclusão foram uma escolha política, não eram um caminho único.
Afinal … havia outra.
Havia e há outra política possível.

Sem comentários: