Em entrevista ao Financial Times Wolfgang
Schäuble, o nosso bem conhecido ex-ministro das Finanças alemão expressa
tristeza e algum arrependimento pela forma como a crise das dívidas soberanas
foi gerida. Lê-se no Público, “Bem…sinto-me triste, porque tive um papel em
tudo isso. E penso como podíamos ter feito as coisas de forma diferente”,
Talvez seja de recordar que as “coisas”
defendidas e impostas por Wolfgang Schäuble aos “bons alunos” portugueses
produziram perto de três milhões de portugueses em risco de pobreza e exclusão,
cerca de um milhão de desempregados, cortes brutais nos rendimentos das
famílias e nos apoios sociais com consequências catastróficas nas condições de
vida e na dignidade de muitas milhares de pessoas e esta gente afirma
tranquilamente que talvez pudesse ter sido diferente. É apenas mais um como o
FMI ou o Tribunal de Contas Europeu a reconhecer que a ... “coisa não correu
bem”, “a coisa não correu como estávamos à espera”.
Não é possível ouvir estes
abutres sem sentir um profundo embaraço. Usam modelos que reconhecem errados,
produzem previsões que reconhecem erradas, arrasam a vida de milhões, e
serenamente informam, “tenham paciência”, “não correu bem”.
E não acontece nada?
Nós sabemos quem pagou e está a
pagar um preço altíssimo e devastador pelo "engano". E os(ir)
responsáveis?
Na verdade, parece cada vez mais
claro que a ideia do TINA “- There Is No Alternative era um mantra mil vezes
repetido para se tornar verdade.
As políticas duras de austeridade
que esqueceram pessoas, famílias e pequenas empresas, promoveram desigualdade,
pobreza e exclusão foram uma escolha política, não eram um caminho único.
Afinal … havia outra.
Havia e há outra política
possível.
Sem comentários:
Enviar um comentário