Era uma vez um miúdo chamado
Reguila, tinha uns onze anos. Na escola, nunca fazia nada sem primeiro pedir
que lhe explicassem porquê. Nas aulas, quando os professores explicavam matéria
que não conhecia, interrogava-os sobre para que servia o que estava a aprender.
Gostava de falar, nem sempre respeitava a sua vez ou o silêncio, quando pedido.
Também discutia as regras de funcionamento e nem sempre era fácil convencê-lo
de algumas. Quando convencido, apesar de alguns lapsos, cumpri-as. Na escola
muitos professores falavam do Reguila. Vejamos algumas opiniões.
Um professor chamado Romântico
dizia, “É um miúdo tão engraçado e ingénuo. Tem uma vontade muito firme e não
abdica dela, é muito autónomo”.
Um professor chamado Conservador
dizia, “É um indisciplinado, tem uma família terrível que não lhe ensina nada e
ele não se interessa por nada. Só espero que saia da escola, só cá deve andar
quem se interessa e se porta bem”.
Um professor chamado Interessado
dizia, “É diferente, como todos os outros, às vezes faz-me perder um bocado a
paciência, mas normalmente dou-lhe a volta e entendemo-nos”.
Um professor chamado Indiferente
dizia, “Ele que faça o que quer, desde que não me perturbe a aula. A vida é
dele, nem todos podem ir longe”.
Um professor chamado Daeducaçãoespecial
dizia "O Reguila é um universal".
Um professor chamado Inexperiente
dizia, “Nunca vi um miúdo como o Reguila, sempre a falar e com as ideias dele,
tão teimoso”.
Um professor chamado Velho dizia,
“É um miúdo que ainda anda à procura de si e vai esbarrando nos outros, é
preciso ajudá-lo a encontrar-se”.
Estavam todos a falar do mesmo
miúdo, o Reguila.
E o Reguila? Que retrato faria de
si?
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