Às vezes quando me ponho a pensar
num texto para partilhar convosco surgem algumas ideias que acabo por abandonar
de tão estranhas me parecerem. Hoje, acho que estava nesse caminho mas resolvi
deixar seguir a ideia.
Entre as muitas palavras da
língua portuguesa que se podem ligar aos miúdos e à sua vida creio que
"pena" é uma delas. Reparem em alguns exemplos apenas pela ordem da
lembrança.
Existem muitos miúdos cuja vida é
uma pena bem pesada. Foram a ela condenados sem perceber porquê, nela vivem sem
alternativa e muitos a cumprem por largos anos.
"Que pena, se ele quisesse
era bom aluno" é uma expressão dirigida a muitos miúdos que devido a um
qualquer motivo ou mal-estar não aproveitam talentos e capacidades que possuem.
É curioso que muitos de nós ficamos satisfeitos com a ideia de que "eles
não querem" e nunca colocamos a questão sobre "porque será que eles
não querem".
Muitos miúdos têm uma presença
tão leve, quase invisível que são autênticas penas, qualquer corrente ou
agitação os faz abanar. Muitas vezes, de tão frágeis são vítimas despercebidas
e silenciosas. Por outro lado e felizmente, existem muitos miúdos para quem a
vida, ela própria, tem a leveza de uma pena, tudo corre com serenidade.
Também não é raro que a nossa boa
consciência nos leve a ter pena do que acontece aos miúdos sem que esgotemos a
capacidade de o evitar. Resta a resignação contida em "faz pena mas que se
há-de fazer, é o destino".
Pois é, bem me parecia. É uma
ideia mesmo estranha, foi pena ter continuado.
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