domingo, 10 de junho de 2018

E DE REPENTE RECORDEI-ME


Segundo o Público, à boleia da questão em torno da reposição dos salários dos professores, o Governo começa a considerar a alteração da carreira docente, designadamente os mecanismos de progressão e avaliação. Algumas vozes já se vão ouvindo preparando o caminho.
Não me parece estranho que se actualizem enquadramentos legais, lembrando Camões, o mundo é composto de mudança tomando sempre novas qualidades.
Já me parece mais curioso que venha o argumentário dos “privilégios” face a outras carreiras da administração e a questão da avaliação, justamente o núcleo duro da agenda dos “homens da luta” contra os professores.
A verdade é que, de facto, a carreira dos professores tem especificidades que a distinguem de outros grupos profissionais e comparar o incomparável é demagógico mas pode render apoios e os opinadores do costume terão a cartilha preparada.
Quanto à avaliação, a proposta de Maria de Lourdes Rodrigues levantou sérias reservas não porque estivesse em causa a importância da avaliação do trabalho dos professores como instrumento imprescindível à qualidade. Os professores sabem isto melhor que ninguém, faz parte do seu trabalho diário.
O que estava em causa é que o modelo proposto era profundamente incompetente e estava a associado a uma insustentável divisão dos professores entre titulares e “outros” que minou o lima das escolas.
Fiquei inquieto com o que li e parece desenhar-se, fez-me recordar Maria Lurdes Rodrigues e a sua famosa afirmação, “Perdi os professores, mas ganhei a opinião pública”.
Será mau se for este o caminho. As mudanças substantivas fazem-se com as pessoas não contra as pessoas.

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