Boa parte do que a imprensa e
muitos opinadores tudólogos têm produzido sobre educação nos últimos dias, para
além da indignação pela falta de seriedade intelectual, (não acredito na
ignorância), tem-me causado alguma tristeza.
A questão da carreira dos
professores é uma situação complexa sobretudo pelo impacto da reposição dos
efeitos de congelamento verificado. Não estranho, pois, a discussão que tem
gerado e a dificuldade de encontrar compromissos.
O que me parece mais curioso é
que esta discussão seja alimentada também por uma agenda que dela se serve para
diabolização dos professores, as pessoas a quem entregamos os nossos filhos
todos os dias.
A discussão serve também para que
se possa atacar a escola pública e o esforço e a competência da esmagadora
maioria dos que nela trabalham.
Continuam a aparecer na
comunicação social nos seus vários formatos intervenções que produzidas pelos
“falcões” habituais ou caceteiros de ocasião são intelectualmente desonestas,
escondendo realidades sobre os professores e o seu trabalho e o trabalho de alunos
e escolas e recorrendo às tão em moda “fake news”, factos alternativos.
Como escrevi vejo muita gente
ligada à educação considerar como ignorantes as afirmações de muitos desses
opinadores. Não sejamos ingénuos, não é ignorância, é guerra política pura e
dura.
Como cantava o Fausto, “a guerra
é a guerra”.
A educação e a sua qualidade são
ferramentas essenciais de desenvolvimento. Apesar do que falta fazer e de
situações que não deveriam acontecer, de políticas de sinal errado, alunos e
professores têm evoluído positivamente no seu trabalho e constroem saber, ou
seja, constroem o futuro.
Como diz Ordine no estimulante ”A
utilidade do inútil”, “Só o saber pode desafiar uma vez mais as leis do
mercado. Eu posso comungar com os outros os meus conhecimentos sem empobrecer….
Ensinar é um processo virtuoso que enriquece. Ao mesmo tempo, quem dá e quem
recebe”.
Não, não é um discurso ingénuo ou
romântico, estes anos todos de estrada dão-me alguma lucidez, creio. Os
Professores e Educadores e de uma forma geral quem passou pela escola e não tem
preconceitos ou agendas implícitas reconhece que é verdade.
No entanto, sei também que
acontecem verdadeiros atropelos no quotidiano escolar. Entendo de há muito que
um dos pecados estruturais do sistema é justamente a falta de dispositivos de
regulação o que permite que coexistam na mesma escola a excelência e a
mediocridade sem sobressaltos aparentes.
É assim triste que tantos e tão
manhosamente ataquem quem, na sua esmagadora maioria, lhes leva os filhos ao
futuro e os trouxe ao presente que têm.
Uma comunidade que não valoriza
os seus professores e o seu trabalho é uma comunidade certamente mais pobre e
menos desenvolvida. A Educação, o Conhecimento, a Formação são ferramentas de
construção e distribuição de riqueza. Os professores e os alunos, futuros
adultos, são os obreiros desta empresa. Respeitem-nos!
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