Há muitos anos tinha o meu filho
entrado no jardim-de-infância da rede social, onde esteve globalmente muito bem
acompanhado, a adaptação estava a correr bem mas ele começou a pedir para que
se possível o fôssemos buscar logo a seguir ao almoço. Para abreviar a história
só algum tempo depois é que percebemos que o gaiato, na altura com quatro anos
e ainda um sesto-dependente, se sentia muito desconfortável por ter de dormir
calçado, isso mesmo, calçado. Falámos com a educadora e com a auxiliar, a
situação alterou-se, a sesta ficou tranquila e o João feliz. É um exemplo de
miúdo para o qual a sesta era importante e foi-o mais algum tempo, ainda nos
rimos hoje cá em casa porque era frequente quando passeávamos ter que me sentar
num banco de jardim onde ele adormecia facilmente durante um tempinho, ficando
pronto e em forma para o resto do dia.
Vem esta introdução a propósito
do facto de em muitas instituições, por várias razões, se determinar a idade,
quase sempre aos três anos, a partir da qual se retira às crianças a
possibilidade da sesta, proibindo-a.
Como em muitos outros aspectos as
crianças não têm padrões de sono/vigília iguais pelo que umas, mais cedo que
outras, começam a dispensar a sesta e algumas, é bom não esquecer, a adquirir
estilos de vida que não sendo contrariados pelas famílias as levam rapidamente
a viver com menos horas de sono do que seria desejável com várias consequência
menos positivas. Por outro lado, a alternativa que em muitas instituições é
oferecida para ocupar este tempo é absolutamente inacreditável, por exemplo na
penumbra a ver televisão, como há alguns meses a comunicação social referia e
muitos pais sabem.
Além disto, deve ainda
considerar-se que boa parte das crianças que estão em instituições de educação durante
um número de horas significativo pelo que a sesta poderia ser um factor de
repouso e corte numa presença institucional diária de longa duração.
Assim, parece uma questão de bom
senso e qualidade educativa, permitir que no jardim-de-infância e sem o limite rígido da idade as crianças
cumpram uma sestazinha que só faz bem e que deixa muitos de nós cheios de
inveja.
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