Nas últimas horas as lideranças europeias deram mais um espectáculo de uma mediocridade deprimente de ausência
de visão, de demissão dos valores que supostamente fundaram a União Europeia e
de insensibilidade ao sofrimento.
Nas últimas horas a agenda referiu
ad nauseam a eleição de António Vitorino para Director da Organização
Internacional das Migrações acreditando não sei bem em quê.
Nas últimas horas mais de cem mortos,
entre os quais crianças, no desespero de uma fuga do inferno.
Vão faltando as palavras para
falar do horror e da barbaridade que no mar e em terra vai acontecendo cada vez
mais perto de nós, que, provavelmente, acreditávamos estar a salvo de tamanhas
tragédias.
A merda de lideranças actuais da
generalidade dos países que põem e dispõem no xadrez do poder mundial e de
tantos outros subservientes e submissos que, em muitos casos, de pessoas não
sabe nem quer saber, permite, sem um sobressalto e com palavras que de inócuas
são um insulto, que se assista à barbaridade que as imagens, os relatos mostram
e o muito que se imagina mas não se vê.
Apesar da complexidade é evidente
para toda a gente com um pouco de senso que nada disto se resolve com muros ou
vedações, com bombardeamentos cegos, com milhares de mortos e de refugiados,
com a manipulação de emoções e interesses de circunstância ou combatendo alguns
e depois apoiar esses alguns ao sabor dos movimentos da luta pelo poder
Crescem muros, chovem bombas, a
barbaridade estende-se, o horror é imenso e, por vezes, nem a retórica da
condenação é convincente e muitos menos, evidentemente, eficaz.
A questão é séria, os ventos
sempre semeiam tempestades e as tempestades num mundo global não ficam
confinadas nos epicentros. E são tempestades que por mais policiado que um
estado seja não se conseguem evitar.
Não existe terror mau e terror
bom. Não existe horror mau e horror bom. Não existe terrorismo bom e terrorismo
mau.
Como é possível que tal horror
aconteça e tanta gente com responsabilidades assobie para o ar e se fique pelas
palavras de circunstância.
Não, não é para estragar o dia. É
só porque é neste mundo que vivemos, vivem os nossos filhos e viverão os nossos
netos.
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