Em texto no Público, “O que faz um bom leitor?”, o Professor
João Marôco, coordenador do PIRLS de 2016, procede a uma análise dos
resultados e conclui:
“Em suma, os alunos com melhores
desempenhos no PIRLS 2016 são confiantes nas suas capacidades (de leitura);
provêm de agregados familiares com mais recursos educativos; sentem-se
integrados na escola; e demonstram ter competências de leitura à entrada no 1.º
ciclo de escolaridade. Estes alunos frequentam escolas onde é dada maior ênfase
ao sucesso escolar; os professores sentem que os seus alunos têm vontade de
terem sucesso escolar; a síntese das ideias principais do texto são as
atividades de ensino mais eficazes; onde os "impedimentos ao ensino devido
a limitações dos alunos são reduzidos; e onde os encarregados de educação têm
expetativas elevadas sobre o desempenho dos seus educandos.”
Pois é meu caro João, esta
síntese associa-se ao que de há muito se sabe em matéria de aprendizagem da
leitura e que em bom rigor informa muito do que é feito nas escolas apesar do peso de variáveis exteriores à escola como literacia e expectativas
dos pais e encarregados de educação que se repercutem de várias formas nem sempre directas no trajecto de aprendizagem dos alunos.
Na mesma linha, em suma, um bom
leitor constrói-se desde o início do processo educativo. Desde logo assume
especial importância o ambiente de literacia familiar e o envolvimento das
famílias neste tipo de situações, através de actividades que desde a educação
pré-escolar e 1º ciclo deveriam, muitas vezes são, estimuladas e para as quais
poderiam ser disponibilizadas aos pais algumas orientações que se repercutiriam
nas suas expectativas e no exercício da parentalidade.
Nos primeiros anos de
escolaridade é fundamental uma relação estreita com a leitura, não só com os
aspectos técnicos, por assim dizer, da aprendizagem da leitura e da escrita da
língua portuguesa, mas um contacto estreito e regular com a actividade de
leitura, seja do que for, considerando motivações e culturas diferenciadas
apresentadas dos alunos.
Mas mais do que as razões, e
todas contribuirão para a situação que temos, é importante, diria
imprescindível, que nos convencêssemos todos, professores, pais e outros
actores, que só se aprende a ler, lendo, só se aprende a escrever, escrevendo,
só se aprende a andar, andando, só se aprende a falar, falando, etc., etc.
Sem comentários:
Enviar um comentário